Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília
Tuesday, 18 de November de 2025 - 17:18:06
BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Banco Master; MPF vê indícios de fraude
CRISE NO SISTEMA FINANCEIRO

Uma decisão obtida pela TV Globo revela que o Ministério Público Federal identificou indícios de participação consciente de dirigentes do BRB em um suposto esquema fraudulento conduzido pelos gestores do Banco Master. De acordo com o documento, entre 2024 e 2025 o BRB direcionou R$ 16,7 bilhões ao Master, sendo que pelo menos R$ 12,2 bilhões estão ligados a operações consideradas altamente suspeitas pelos investigadores.

Segundo o MPF, os dirigentes do BRB ignoraram irregularidades graves nas transações e chegaram a atuar para amparar o Master durante sua crise de liquidez. As investigações apontam que o Banco Master emitiu aproximadamente R$ 50 bilhões em CDBs, oferecendo rendimentos muito acima do mercado sem comprovação de capacidade futura de pagamento. Para reforçar artificialmente sua liquidez, parte do montante captado com esses títulos teria sido aplicada na compra de créditos de uma empresa chamada Tirreno — ativos que, segundo o MP, não existiam.

O esquema descrito pelos investigadores envolveu a revenda desses créditos inexistentes ao BRB. O Master adquiriu as carteiras da Tirreno sem desembolsar nenhum valor, mas logo as repassou ao BRB, que pagou R$ 12,2 bilhões — somando R$ 6,7 bilhões pelas carteiras e R$ 5,5 bilhões em forma de “prêmio”. A decisão judicial relata que o arranjo buscava inflar artificialmente o patrimônio do Master para cobrir um rombo bilionário e sustentar a instituição durante negociações de venda.

Mesmo após desfazer formalmente essa operação, o BRB seguiu transferindo recursos ao Master devido a outras operações de crédito. Entre julho de 2024 e 3 de outubro de 2025, mais de R$ 16,7 bilhões foram enviados à instituição, conforme dados do MPF. O Banco Central também registrou que, entre maio e abril deste ano, o BRB recebeu mais R$ 4 bilhões em carteiras de crédito do Master e pagou os respectivos prêmios. Para os investigadores, tais movimentações reforçam a suspeita de que o banco público atuou para sustentar o Master durante sua crise.

O MPF afirma que os fatos podem configurar o crime de gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto na Lei 7.492/86, cuja pena varia de três a doze anos de reclusão. Paralelamente, o caso ganhou novos desdobramentos com a prisão de Daniel Vorcaro, presidente do Master, investigado no esquema de emissão de títulos falsos que pode ter movimentado R$ 12 bilhões. Ele foi detido em São Paulo e levado à Superintendência da PF.

O impacto também alcançou o BRB: o presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, foi afastado de suas funções por 60 dias. As apurações continuam e seguem sob acompanhamento dos órgãos de fiscalização e controle.

Texto/Fonte: G1