A Califórnia aprovou nesta terça-feira (4) a chamada Proposta 50, uma medida que altera a divisão de seus distritos eleitorais em resposta às ações do presidente Donald Trump para redesenhar mapas em estados governados por republicanos. O resultado foi amplamente visto como um gesto de resistência política ao governo federal e uma tentativa de equilibrar o jogo eleitoral no país.

De acordo com os primeiros resultados oficiais, os eleitores californianos aprovaram a proposta por uma margem de dois para um, e projeções da imprensa americana apontam vitória expressiva. A mudança cria cinco novas cadeiras para o Partido Democrata no Congresso dos Estados Unidos, fortalecendo a base do governador Gavin Newsom e ampliando sua influência nacional dentro do partido.

A iniciativa partiu do próprio Newsom, que apresentou a proposta como uma forma de responder às medidas recentes de Trump em estados como Texas, Missouri e Carolina do Norte — onde novas circunscrições eleitorais foram desenhadas para favorecer o Partido Republicano. Segundo o governador, o plano visa “repor o equilíbrio” após o que considera manipulações partidárias promovidas pela Casa Branca.

Trump reagiu à decisão classificando a votação como “uma fraude gigante”. Em publicação em sua rede social, o presidente afirmou que “todo o processo, em particular a votação em si, é manipulado”. Newsom respondeu em tom irônico: “São devaneios de um idoso que sabe que está prestes a perder”.

Autoridades californianas afirmam que a redistribuição distrital é temporária e valerá para as eleições de meio de mandato de 2026. Até lá, as novas fronteiras eleitorais estarão em vigor, podendo garantir vantagem significativa aos democratas na disputa pelo controle do Congresso.

A medida, contudo, representa uma reviravolta em relação ao modelo adotado em 2008, durante o governo de Arnold Schwarzenegger, quando o estado transferiu a responsabilidade pelo redesenho dos distritos a uma comissão independente. Com a Proposta 50, a Califórnia retorna à prática de ajustes políticos diretos — agora sob o comando do Executivo estadual — por um período de cinco anos, até a próxima revisão do censo.

Republicanos denunciaram a decisão como uma “manobra de poder” que reduzirá a representatividade de seus eleitores num estado amplamente dominado pelos democratas. Já os aliados de Newsom classificaram o resultado como uma vitória contra o “gerrymandering” promovido pelo presidente Trump e uma reafirmação da autonomia californiana diante de Washington.