Após a eleição dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ambos anunciaram que o período de animosidade entre Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL) havia sido superado, prometendo harmonia entre as duas Casas. Durante o primeiro semestre, essa cooperação parecia se consolidar.
No entanto, com a Câmara adotando pautas polêmicas e impopulares neste segundo semestre, o Senado tem mantido uma “distância regulamentar” da Casa vizinha. Um exemplo recente foi a PEC da Blindagem, rejeitada por unanimidade pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e arquivada diretamente no plenário pelo presidente Davi Alcolumbre.
O receio atual é que o projeto da 'Dosimetria' siga o mesmo caminho. Uma reunião agendada para a noite desta quarta-feira (24) na residência oficial da Câmara, que pretendia evitar uma derrota no Senado, acabou cancelada. O encontro reuniria Hugo Motta, Davi Alcolumbre, o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e líderes partidários para tentar uma negociação conjunta entre as Casas.
A tensão também se reflete na própria Câmara. O relator do projeto da 'Dosimetria' revelou que uma ala da Casa defende que a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil só seja votada depois da redução de penas para condenados por tentativa de golpe. Essa estratégia poderia priorizar interesses de um grupo político em detrimento de um projeto de interesse de milhões de brasileiros, repetindo o erro cometido com a PEC da Blindagem.
Enquanto isso, Hugo Motta enfrenta o desafio de decidir qual projeto colocar em votação, naturalmente favorecendo o texto relatado por seu aliado Arthur Lira. A situação evidencia a complexa articulação entre Senado e Câmara e o impacto das disputas internas na condução de pautas legislativas importantes.