Desde 2021, a campanha nacional de coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas possibilitou a identificação de 16 indivíduos em Mato Grosso, por meio do cruzamento genético realizado entre todos os estados brasileiros. A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, tem como objetivo fortalecer o banco nacional de perfis genéticos e ampliar as chances de localizar pessoas desaparecidas — vivas ou falecidas — que ainda não foram identificadas oficialmente.
Em 2025, a nova edição da campanha teve início nesta terça-feira (5), com encerramento previsto para o dia 15 de agosto. Em Mato Grosso, a mobilização envolve todas as unidades da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e da Polícia Civil, que atuam de forma integrada para facilitar o acolhimento de familiares e a coleta de amostras.
A coleta é destinada exclusivamente a parentes de primeiro grau da pessoa desaparecida — como pais, filhos ou irmãos — e consiste em um procedimento simples e indolor, feito por meio da saliva. Também podem ser utilizadas amostras genéticas extraídas de objetos pessoais da pessoa desaparecida, como escovas de dente, óculos, aliança, dente de leite ou até cordão umbilical.
A coordenadora de Perícias de Biologia Molecular da Politec, Rosangela Maria Guarienti Ventura, destacou que durante a campanha a equipe intensifica os exames e promove uma força-tarefa para acolher os familiares e acelerar os resultados. “Estamos todos confiantes de que essa será mais uma campanha exitosa, trazendo respostas a quem tanto espera. A tecnologia está disponível gratuitamente para toda a população”, afirmou.
Mesmo fora do período da campanha, o serviço permanece disponível no estado. Para isso, o familiar deve registrar um boletim de ocorrência de desaparecimento em qualquer unidade da Polícia Civil e, em seguida, procurar a unidade da Politec mais próxima para o encaminhamento da coleta. O cruzamento de dados é feito em nível nacional, o que aumenta significativamente as chances de sucesso.
Em 2024, foram coletadas 1.645 amostras em todo o país, resultando na identificação de 35 pessoas. Apenas em Mato Grosso, a campanha do ano anterior recolheu 98 amostras, das quais uma levou à identificação positiva. O banco estadual atualmente conta com 273 restos mortais não identificados, aptos para confronto com os perfis de familiares.
No estado, 423 perfis genéticos de familiares já estão cadastrados no banco nacional. Para facilitar o atendimento durante a campanha, um posto especial da Polícia Civil foi instalado no Plantão Metropolitano da Politec, no bairro Jardim Universitário, onde os familiares podem registrar boletins de ocorrência ou emitir segundas vias dos documentos necessários.
Os endereços de todos os pontos de coleta estão disponíveis no site oficial da Politec. Famílias que já doaram DNA em campanhas anteriores não precisam repetir o procedimento.