Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), e o ex-presidente Jorge "Tuto" Quiroga, da coalizão Alianza Libre, aparecem como os favoritos para disputar o segundo turno da eleição presidencial boliviana, marcado para 19 de outubro. Segundo resultados preliminares, Paz lidera com 32,18% dos votos, enquanto Quiroga soma 26,94%. Pesquisas de boca de urna confirmaram a mesma tendência.

A esquerda, enfraquecida pela ausência de Evo Morales e pela desistência de Luis Arce, obteve desempenho modesto: Andrónico Rodríguez ficou com 8% e Eduardo del Castillo com 3,2%. Sem unidade, o Movimento ao Socialismo (MAS) perdeu protagonismo, e Morales chegou a pedir que apoiadores anulassem o voto como forma de protesto.

Paz, de 55 anos, senador e ex-prefeito de Tarija, tenta se firmar como alternativa moderada em meio à polarização. Sua campanha defende estabilização econômica, investimentos externos e fortalecimento institucional, mas sua trajetória inclui polêmicas ligadas a um projeto de infraestrutura em Tarija, que ele atribui a perseguição política do MAS.

Quiroga, de 65 anos, já governou a Bolívia entre 2001 e 2002 e retorna à disputa pela coalizão Libre. Defensor de políticas liberais, promete cortes de subsídios, combate ao narcotráfico e maior abertura econômica. Sua atuação durante a crise de 2019 e a posterior ligação com o governo de Jeanine Áñez seguem como pontos controversos em sua carreira política.

O pleito reflete um país em crise, com inflação em alta, falta de combustíveis e alimentos, e reservas internacionais em queda, fatores que alimentaram o desgaste do MAS e abriram espaço para as forças de centro e direita.