Foto: Reprodução
Sexta, 28 de abril de 2023 - 16:17:25
Caso do espião russo colocará Lula na encruzilhada entre Biden e Putin
Caso do espião russo
Além de pedir a extradição de Sergey Cherkasov, EUA querem compartilhamento de investigação brasileira

A decisão dos Estados Unidos de pedir ao Brasil a extradição do espião russo Sergey Cherkasov (foto) vai abrir uma complicada encruzilhada com a qual o governo Lula terá de lidar nos próximos meses.

O pedido foi feito pelas autoridades americanas ao governo brasileiro nesta semana e será submetido ao ministro Edson Fachin, encarregado do caso no Supremo Tribunal Federal. Depois, caberá ao presidente da República a decisão final.

Fachin já tem em mãos outro pedido de extradição, feito pelo governo Rússia sob o argumento de que Cherkasov é um criminoso comum condenado no país de Vladimir Putin.

PUBLICIDADE

Ocorre que as autoridades brasileiras — incluindo Fachin, que já foi exaustivamente informado sobre o caso pelos órgãos de inteligência — sabem que o argumento russo é redondamente falso.

overlay-cleverclose

A história de que se trata de um criminoso comum já condenado pela justiça na Rússia é uma conhecida estratégia de Moscou, já usada em outros casos, para tentar levar de volta para casa espiões pilhados em ação no exterior.

No papel, porém, até pela boa relação que Brasília mantém com o Kremlin, o Palácio do Planalto e o STF acabam tendo que considerar o argumento russo como verdadeiro, até prova em contrário.

É quase um jogo de cena, mas é preciso fingir naturalidade em nome da diplomacia.

por taboola

conteudo patrocinadoOFERTAS QUENTINHAS|

PATROCINADO

Loja de Sorriso faz liquidação de LençoisSIMPLELIFE|

PATROCINADO

Carlinhos Maia anuncia investimento milionário em novo empreendimentoVENCENDO O ALZHEIMER|

PATROCINADO

Idosa que venceu o Alzheimer: Eu imploro para que vejam isso

Pacto de silêncio

Tanto a Polícia Federal quanto a Abin têm a história de Cherkasov esquadrinhada, embora tratem o assunto sob o mais absoluto sigilo sob pena de gerar atritos diplomáticos.

Ainda no governo de Jair Bolsonaro, como mostrou a coluna em julho, houve uma ordem unida do Planalto para que se fizesse um pacto de silêncio em torno do tema. O motivo: o então presidente não queria problemas com Putin.

As apurações da PF e da Abin mostram que Cherkasov é, de fato, um espião a serviço de Moscou, integrante de uma ampla rede de agentes que se infiltram em outros países e assumem identidades estrangeiras para, mais adiante, executarem planos de interesse do governo russo.

Flagrado em ação

No caso concreto, Cherkasov viveu no Brasil — passou por Brasília e Rio, por exemplo — sob identidade brasileira falsa (era Viktor Muller Ferreira, supostamente nascido em niterói) e foi flagrado pela Holanda ao tentar entrar no país.

O plano era se infiltrar como estagiário no Tribunal de Haia, onde correm investigações contra Putin pela guerra da Ucrânia.

 

A imigração holandesa o mandou de volta para o Brasil, e a Polícia Federal o prendeu tão logo ele desembarcou de volta em Guarulhos.

Investigado inicialmente por uso de documentos falsos, Cherkasov foi condenado pela Justiça Federal e segue preso — no momento, está no presídio federal de Brasília.

Texto/Fonte: Rodrigo Rangel