A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após queda de mais de 600 metros em trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, levantou uma série de questionamentos sobre a condução da atividade turística no local. Especialistas em montanhismo, guias experientes e turistas relataram uma sucessão de falhas que podem ter contribuído para a tragédia — desde a falta de equipamentos obrigatórios até o resgate tardio e mal coordenado.
Juliana desapareceu no sábado (21), após se separar do grupo com quem fazia a trilha. Segundo relatos, ela estava cansada e parou para descansar, mas o guia local seguiu com os demais e só retornou minutos depois, sem mais encontrá-la. O corpo da brasileira só foi localizado três dias depois, por drones, e resgatado no quarto dia.
Entre as falhas apontadas estão:
Falta de exigência de equipamentos básicos, como cobertores térmicos, luvas e casacos, mesmo em trilhas de alta altitude;
Separação do grupo durante a trilha, o que fere protocolos básicos de segurança, segundo montanhistas;
Despreparo dos guias locais, que, segundo testemunhas, atuam com recursos precários, caminham descalços e carregam pouca água e comida;
Terreno instável e clima severo, com frio extremo, mudanças repentinas e histórico de acidentes — 190 em cinco anos;
Resgate desorganizado, com drones que não localizaram a trilheira a tempo, falta de cordas adequadas e comunicação desencontrada;
Falta de suporte efetivo da agência contratada, que, segundo especialistas, tinha responsabilidade civil sobre a integridade da turista;
Obstáculos diplomáticos e logísticos, como o fechamento do espaço aéreo do Catar, que impediu o pai de Juliana de chegar antes ao local.
O caso reacendeu o debate sobre a segurança em destinos de turismo de aventura e o papel das agências e autoridades locais na prevenção de acidentes. A Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia chegou a afirmar que “não se deve culpar os socorristas sem entender o que eles passam”, mas a repercussão internacional pressiona por mudanças.
O Itamaraty afirmou que pretende revisar as recomendações para brasileiros que viajam para áreas de risco, diante das lacunas expostas pelo caso Juliana.