O governo da China enviou uma carta para os 193 países que fazem parte das Nações Unidas, convidando todos para uma reunião informal no Conselho de Segurança da ONU, marcada para a próxima quarta-feira (23).
No documento, a China critica fortemente os Estados Unidos, acusando o país de usar tarifas como forma de intimidação e de atrapalhar os esforços globais por paz e desenvolvimento. Segundo o texto, os EUA têm adotado práticas que afetam especialmente os países em desenvolvimento e vão contra as regras do comércio internacional.
“Ao usar tarifas como forma de pressão, os Estados Unidos violam regras comerciais e causam instabilidade na economia mundial. Isso atrapalha os esforços conjuntos por um mundo mais pacífico e desenvolvido”, afirma a carta.
De acordo com a agência Reuters, os EUA foram questionados sobre a reunião proposta pela China, mas ainda não deram resposta oficial.
Enquanto isso, um relatório da ONU sobre comércio e desenvolvimento, divulgado nesta quarta-feira, alertou que a economia mundial pode crescer menos em 2025 — apenas 2,3% — por causa de incertezas no comércio internacional e tensões entre países.
Também nesta quarta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que os Estados Unidos precisam parar com a “pressão máxima” e deixar de lado ameaças e chantagens, caso queiram negociar de forma séria com a China.
A fala do porta-voz veio um dia após um comunicado do governo americano informar que a China enfrentará tarifas de até 245% em razão de ações consideradas retaliatórias. A medida é parte da guerra comercial que os dois países enfrentam desde o início do mês.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA não precisam de um acordo comercial com a China, e que cabe ao país asiático ceder. “A bola está com a China. Eles é que precisam de um acordo conosco. O consumidor americano é o que eles querem”, disse.
Em resposta, Lin Jian reforçou que quem começou essa disputa foram os Estados Unidos e que a China não quer confronto, mas está preparada para enfrentá-lo se necessário. “A China não quer uma briga, mas também não tem medo de uma”, afirmou.
A guerra comercial começou com a imposição de tarifas por parte dos EUA sobre produtos chineses e de outros países. Inicialmente, houve uma trégua de 90 dias para negociações, mas os impostos voltaram a subir depois disso. Atualmente, os produtos chineses enfrentam taxas de até 245% nos EUA — com exceção de eletrônicos como celulares e computadores. Em resposta, a China aplica tarifas de até 125% sobre produtos americanos.