Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que, nos últimos três anos, menos de 2,5% da população brasileira vivenciou a fome extrema — índice que tirou o Brasil do Mapa da Fome. No entanto, o país ainda enfrenta um cenário desafiador: 35 milhões de brasileiros convivem com a insegurança alimentar, ou seja, têm dificuldades para acessar alimentos de forma regular e suficiente.

O tema foi abordado no episódio #1522 do podcast O Assunto, apresentado por Alan Severiano. A convidada principal foi Ana Maria Segall, pesquisadora da Fiocruz Brasília e integrante do grupo de monitoramento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Durante a conversa, Segall explicou as diferenças entre os conceitos de fome e insegurança alimentar e destacou quais políticas públicas ajudaram o Brasil a sair do Mapa da Fome — feito já alcançado anteriormente em 2014.

Segall também contextualizou a situação brasileira em relação a outros países que ainda enfrentam altos índices de fome. Ela destacou que a insegurança alimentar pode se manifestar de diferentes formas e é influenciada por múltiplos fatores, incluindo acesso, renda, políticas públicas e distribuição regional dos alimentos.

Na segunda parte do episódio, Alan entrevistou Kiko Afonso, diretor-executivo da organização Ação da Cidadania, considerada a maior do país no combate à fome. Afonso trouxe à tona os chamados “desertos alimentares” — áreas onde há escassez de alimentos saudáveis — e os “pântanos alimentares”, onde há grande oferta de alimentos industrializados e ultraprocessados, mas pouca comida nutritiva.

Para Kiko Afonso, a superação da fome no Brasil depende de medidas estruturais e da manutenção de políticas públicas de combate à desigualdade social e de incentivo à produção e ao acesso a alimentos saudáveis. Ele foi enfático: “Passar fome não é de direita, de esquerda ou de centro. Passar fome é inaceitável para qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo”.

O episódio também destaca a importância de garantir acesso equitativo aos alimentos como estratégia para consolidar os avanços obtidos. A meta, segundo os especialistas, deve ir além de sair de rankings internacionais — é preciso zerar a fome de forma permanente e sustentável.

Produzido pelo g1 desde agosto de 2019, O Assunto já acumula mais de 168 milhões de downloads nas plataformas de áudio e 14,2 milhões de visualizações no YouTube. O episódio contou com produção de Mônica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Carlos Catelan.