Mato Grosso, Terça, 30 de abril de 2024, 03:57
Acreditando que o conhecimento é o principal motor da economia, os grandes projetos na Arábia Saudita, conhecidos como “Projetos Giga”, têm como alvo o interesse na economia do conhecimento, e também dependem fortemente da tecnologia para melhorar a sua utilização no país.
Os cinco grandes projetos na Arábia Saudita, afiliados ao Fundo de Investimento Público (PIF na sigla em inglês), o fundo soberano do reino, visam estimular a economia e potenciar os investimentos em diversos setores, com base na “Visão Saudita 2030”, uma estratégia do país para diversificar a economia e reduzir sua dependência em petróleo.
Segundo o relatório anual do Fundo, graças aos investimentos em grandes projetos sauditas, os seus ativos saltaram em 2022 para cerca de 2,91 bilhões de riais (rial, a moeda oficial do reino), um aumento de 15% em relação a 2021, observando que cerca de 68% dos ativos voltam para investimentos locais, o que incluiu a criação de 25 empresas e cerca de 181 mil novos empregos.
De acordo com os objetivos da “Visão Saudita 2030”, alcançar uma economia próspera é uma das suas prioridades mais importantes, por meio do desenvolvimento de investimentos, proporcionando um ambiente adequado ao crescimento, criando oportunidades de emprego, bem como comprometendo-se com a cultura da economia verde e desenvolvendo a manutenção de medidas de sustentabilidade.
Por sua vez, o especialista e avaliador imobiliário saudita, Ahmed Al-Faqih, disse à CNN que a Arábia Saudita está empenhada em estabelecer um novo conceito por meio de dois novos fenômenos no cenário imobiliário saudita.
“A primeira é o lançamento de iniciativas amigas do ambiente, como, entre outras, o projeto Riade Verde. É um projeto da capital saudita para aumentar os espaços verdes de árvores como parte de uma iniciativa governamental para plantar árvores na cidade com origem desértica. É uma das ideias ousadas e emocionantes que traz desafios que não são fáceis”, afirmou.
O especialista ainda acrescentou que o segundo fenômeno é “o que se chama de a humanização das cidades, e isso aparece claramente em todos os novos projetos lançados pelos órgãos governamentais ou pelo Fundo de Investimento Público, de modo que os novos projetos residenciais e subúrbios dentro dos projetos lançados sucessivamente têm um aspecto humanitário que visa elevar o que se conhece como qualidade de vida.
“Parece claro que o governo saudita está avançando com sucesso com este importante dossiê”, declarou.
Assim, os grandes projetos na Arábia Saudita afiliados ao Fundo de Investimento Público vieram para atingir esses objetivos. Confira a seguir cinco dessas iniciativas:
O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman Al Saud lançou o projeto “NEOM” com um valor estimado de cerca de US$ 500 bilhões.
O projeto abriu uma porta para contribuições de investidores no nível local, regional e global. Também firmou parcerias com o público e setores privados, permitindo-lhe beneficiar de tecnologias avançadas como de Inteligência artificial, blockchain e soluções de energia renovável.
A empresa emprega mais de 2.800 funcionários de 86 países. Lembrando que o projeto visa criar uma cidade futuristica avançada para ser um farol de inovação, sustentabilidade e crescimento econômico.
Cerca de 95% da área do NEOM, que equivale a 26 mil e 500 quilômetros quadrados, será uma reserva natural intocada, além de 41 ilhas.
A cidade ainda conta com vários projetos que se enquadram com regiões no território, incluindo a “The Line”, “Oxagon”, “Trojena” e “Sindalah”.
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"Oxagon" - cidade flutuante anunciada em novembro de 2021 - está prevista para receber o primeiro lote de seus moradores no ano de 2024.
Crédito: Divulgação/ NEOM
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Região de "Trojena" representará o destino de montanha ideal para viver, trabalhar e para o turismo em 2026.
Crédito: Divulgação/ NEOM
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"The Line" será uma cidade futurística vertical, sem ruas e carros.
Crédito: Divulgação/ NEOM
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"Sindalah" – que tem uma área de cerca de 840 mil metros quadrados – reunirá os mais altos níveis de hospitalidade internacional, e abrigará três hotéis ultraluxuosos
Crédito: Divulgação/ NEOM
A “Oxagon” – cidade flutuante anunciada em novembro de 2021 – está prevista para receber o primeiro lote de seus moradores no ano de 2024, conforme noticiou o projeto NEOM em seu site oficial, desde que seja um sistema industrial avançado que leve em conta os princípios da sustentabilidade e operando inteiramente com energia limpa, acelerando ao mesmo tempo a transição para os princípios da economia circular.
Já a região de “Trojena” representará o destino de montanha ideal para viver, trabalhar e para o turismo em 2026. Ela está localizado a 50 quilômetros da costa do Golfo de Aqaba, inclui alturas de até 2.600 metros acima do nível do mar e cobre uma área de cerca de 60 quilômetros quadrados.
No mesmo ano, serão inaugurados os primeiros grupos modelo na cidade vertical “The Line”, que deverá receber nove milhões de pessoas.
A “The Line” será uma cidade sem ruas e carros e, portanto, livre de emissões de carbono, uma vez que toda a cidade obterá a sua energia a partir de fontes 100% renováveis.
Por último, a Ilha “Sindalah” – que tem uma área de cerca de 840 mil metros quadrados – reunirá os mais altos níveis de hospitalidade internacional, e abrigará três hotéis ultraluxuosos, contendo 413 quartos, incluindo 88 villas, além de 333 apartamentos de hotel, preparando-se para receber 2.400 visitantes diários até o ano de 2028.
Espera-se que a população do NEOM atinja cerca de um milhão de pessoas até 2030, e o seu número aumente para nove milhões em 2045.
/ Divulgação/ Vision 2030
A empresa “Red Sea International” está trabalhando na sua imagem como um destino turístico renovado e luxuoso, pois o seu projeto para o Mar Vermelho adota um novo modelo de negócios para o desenvolvimento sustentável.
A iniciativa se preocupa com a sustentabilidade ambiental juntamente com a inovação tecnológica e infraestrutura digital inteligente, permitindo que a Arábia Saudita explore novos horizontes econômicos e valorize o patrimônio ambiental e cultural, de acordo com o seu site oficial.
O projecto do Mar Vermelho está localizado entre as cidades de Umluj e Al-Wajh e irá desenvolver 22 de 90 ilhas, além de 75% das terras virgens que permanecerão intocadas.
Até 2030, prevê-se garantir cerca de oito mil quartos em 50 hotéis e mil unidades residenciais, de acordo com a “Visão Saudita 2030”. Lembrando que tem como alvo um milhão de visitantes anualmente.
Já o projeto “Amala” da companhia vai funcionar inteiramente com energia solar, poupando cerca de meio milhão de toneladas de emissões de dióxido de carbono todos os anos.
O projeto estende-se por uma área de 4.155 quilômetros quadrados e inclui hotéis, unidades residenciais, marinas e uma iate clube.
/ Divulgação/ Vision 2030
No início de 2023, o Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita anunciou a inclusão de Diriyah entre os grandes projetos da Arábia Saudita afiliados ao Fundo de Investimento Público, com um custo total de cerca de US$ 60 bilhões de dólares.
O projeto Diriyah oferece aos turistas a oportunidade de aprender sobre a história e a civilização do Reino, já que a cidade de Al-Diriyah, que é classificada como um dos locais listados na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, inclui muitos dos marcos culturais e patrimoniais da Arábia Saudita que datam de mais de 300 anos atrás.
As iniciativas de Diriyah, tal como outros grandes projetos na Arábia Saudita, também se concentram na sustentabilidade ambiental e na abordagem às alterações climáticas, visando a conservação da água, a eficiência energética, a saúde e a proteção da cultura e do patrimônio.
O projeto também inclui 26 marcos culturais, três mil unidades habitacionais de estilo Najdi, além de uma série de subprojetos, nomeadamente Distrito de Al-Turaif, Wadi Hanifa, Distrito de Al-Bujairi, Praça King Salman, Universidade King Salman, além do Museu Al Saud.
/ Divulgação/ Vision 2030
Roshn foi lançado em 2022, com o objetivo de aumentar a percentagem de cidadãos sauditas que possuem a sua casa própria para 70% até 2030.
O projeto também quer reestruturar o futuro das cidades, combinando a autenticidade do passado com a vida moderna, inspirada na forma arquitetónica do estilo histórico das cidades sauditas.
Roshn procura contribuir para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, além de proporcionar oportunidades de investimento atraentes a preços de mercado para todos, e desenvolver cadeias de abastecimento locais.
“Quanto a Roshn, a inciativa procura, entre os objetivos que pretende alcançar, garantir a sustentabilidade dos edifícios, bem como que os seus projetos sejam amigos do meio ambiente”, afima o especialista Ahmed Al-Faqih.
“No último um ano e meio, Roshn conseguiu alcançar vendas de cerca de 11 bilhões de riais e atualmente está trabalhando em projetos através da aquisição de 200 milhões de metros quadrados de terreno, enquanto constrói 40.000 unidades habitacionais”, acrescentou.
Roshan também inclui vários subprojetos, nomeadamente Al-Arous, Al-Falwa, Sidra e Warfa
/ Divulgação/ Qiddiya
Entre os grandes projetos na Arábia Saudita, o Qiddiya pretende redirecionar bilhões de dólares, que poderiam ser gastos anualmente no turismo estrangeiro, para o turismo interno, através da criação de um destino turístico global que garanta a presença da Arábia Saudita entre os melhores destinos do mundo, além de fornecer oportunidades de entretenimento, esportes e artes.
O projeto se estende por uma área de 376 quilômetros quadrados, enquanto visa desenvolver 223 quilômetros quadrados, segundo o site oficial da empresa.
A Qiddiya busca oferecer oportunidades para investidores, incluindo empreiteiros, fornecedores, parceiros estratégicos de capital, parceiros de desenvolvimento de infraestrutura, e prestadores de serviços de saúde, com o objetivo de promover uma cultura de empreendedorismo e capacitar empresas emergentes, de acordo com os objetivos da Visão 2030.
Segundo especialista Al-Faqih, os megaprojetos da categoria giga, como NEOM, Qiddiya e o Mar Vermelho, estão entre as especificações mais importantes que o governo saudita está interessado, que é ser amigo do ambiente e também de sustentabilidade.
“Isso fica claro com o lançamento do projeto “The Line”, que se mostrou um excelente amigo do meio ambiente”, revelou.
Estes grandes projetos na Arábia Saudita, afiliados ao Fundo de Investimento Público, fazem parte de um conjunto de projetos que visam atingir os objetivos da “Visão Saudita 2030”.
Os projetos da”Visão Saudita 2030″ ainda incluem o Programa Genoma Saudita, a Cidade Energética King Salman, a Usina de Dessalinização de Água Al-Khafi, a Usina Rabigh, o Reator de Pesquisa de Baixa Energia, o Projeto Mohammed bin Salman para Desenvolver Mesquitas Históricas, Riade Verde, King Salman Park, Al-Souda Development e a Green Saudi Initiative, e o Green Middle East, e muitos outros que diversificam a economia saudita e aumentam a sustentabilidade em meio a crise climática.