Foto: Reprodução
Friday, 22 de August de 2025 - 12:07:12
Conitec rejeita Wegovy e Saxenda por alto custo; decisão preocupa especialistas e pacientes
SUS BARRA INCORPORAÇÃO DE REMÉDIOS CONTRA OBESIDADE

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) decidiu não incluir medicamentos como Wegovy, Saxenda e Ozempic na lista de tratamentos disponíveis na rede pública. A justificativa foi o impacto orçamentário elevado, estimado entre R$ 4,1 bilhões e R$ 6 bilhões em cinco anos, já que o uso dessas substâncias exige aplicação contínua.

Os pedidos analisados tratavam da semaglutida (Wegovy) para pacientes com obesidade grave, acima de 45 anos e com doença cardiovascular, e da liraglutida (Saxenda) para pessoas com obesidade e diabetes tipo 2. Ambos os fármacos são aprovados pela Anvisa, vendidos em canetas aplicadoras com preço médio de R$ 1 mil cada.

O colegiado destacou que o SUS já oferece alternativas, como a cirurgia bariátrica, e considerou inviável absorver o custo do novo tratamento. A decisão, no entanto, foi recebida com preocupação pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). A endocrinologista Maria Fernanda Barca afirmou que a medida retira da população de baixa renda a possibilidade de acesso a terapias eficazes contra obesidade e diabetes, doenças associadas a complicações graves como AVC, trombose e cirrose.

A especialista lembrou que os medicamentos em questão apresentam benefícios além do emagrecimento, como redução de inflamações, melhora da função hepática e até impacto positivo em quadros de Alzheimer. “Ignorar esses resultados pode gerar custos ainda maiores no futuro”, alertou.

Paralelamente, o Ministério da Saúde anunciou uma parceria entre a Fiocruz e a farmacêutica EMS para desenvolver canetas brasileiras com as mesmas substâncias. A EMS já lançou a Olire, à base de liraglutida, para tratamento da obesidade e do diabetes.

Em nota, a Novo Nordisk, fabricante do Wegovy, afirmou compreender as dificuldades do SUS diante das restrições orçamentárias, mas ressaltou que a própria Conitec reconheceu o medicamento como seguro, eficaz e custo-efetivo. A empresa destacou ainda que o pedido de incorporação feito à comissão foi apenas para o Wegovy, e não para o Ozempic.

Texto/Fonte: G1