O golpe da maquininha, que já é um dos mais comuns no Brasil, ganhou uma nova versão em que criminosos se fazem passar por taxistas para enganar passageiros distraídos. As câmeras de segurança registram o padrão: o falso taxista estaciona o carro, aparentando ser legítimo, e ao fim da corrida, informa que a maquininha não aceita pagamento por PIX, pedindo o cartão físico para a vítima digitar a senha — mas a máquina está adulterada para captar essa informação.
A aposentada Nunzia Caruso, de São Paulo, relatou ao Fantástico que, após digitar a senha na maquininha entregue pelo golpista, recebeu uma mensagem informando uma compra de R$ 4.900 feita com seu cartão, que havia sido trocado por outro. "Ele trocou meu cartão, me deu o de outra pessoa, e ficou com o meu", afirmou.
O delegado André Figueiredo explicou que um botão camuflado na maquininha permite ao criminoso simular um erro na transação, enquanto memoriza a senha digitada e troca o cartão verdadeiro por outro. Com esses dados, o estelionatário pode fazer compras de alto valor sem que a vítima perceba imediatamente.
Casos como o do médico Thales Bretas, viúvo do humorista Paulo Gustavo, também têm se multiplicado. Ele e uma amiga caíram no golpe no Rio de Janeiro, quando entraram num falso táxi e só perceberam a fraude ao receberem SMS com confirmação de compras muito superiores ao valor da corrida. Thales teve um prejuízo de R$ 4.215.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o golpe da maquininha gerou um prejuízo estimado de R$ 4,8 bilhões em apenas 12 meses. Enquanto isso, os roubos tradicionais caíram 51% no mesmo período, evidenciando como a tecnologia tem sido usada pelos criminosos para aplicar fraudes com menor risco de serem capturados.
David Marques, do Fórum, alerta que novas tecnologias são rapidamente estudadas por criminosos para identificar vulnerabilidades, e que há até cursos e sites que ensinam como aplicar golpes com maquininhas, além de venderem dados pessoais.
No Rio de Janeiro, a polícia prendeu Daniel de Souza Alves, suspeito de aplicar o golpe, após uma passageira atenta denunciar a tentativa de fraude. Thales Bretas reconheceu o criminoso ao vê-lo em uma reportagem na TV.
Para evitar cair no golpe, a polícia recomenda o uso de táxis por aplicativo, que já incluem o pagamento na corrida, ou embarcar em pontos oficiais onde motoristas são cadastrados. Também é indicado pagar por Pix ou cartão por aproximação e ficar atento caso o motorista diga que a maquininha não aceita esses métodos.
"Se o taxista falar que não está conseguindo, a pessoa já deve ficar alerta", orienta o delegado Figueiredo.