O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou a indicação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a liderança da minoria, alegando que a ausência do parlamentar do território nacional inviabiliza o exercício do cargo. O parecer da Secretaria-Geral da Mesa destacou que a função de líder exige presença física em atividades como debates em plenário, votações, reuniões do colégio de líderes e acompanhamento de requerimentos.
Eduardo Bolsonaro, eleito por São Paulo, reside nos Estados Unidos desde o início de 2025 e não retornou ao Brasil. Nesse período, tem buscado formas de permanecer fora do país sem perder o mandato. A Constituição determina a cassação de parlamentares que faltarem a mais de um terço das sessões legislativas, salvo em caso de licença ou missão oficial autorizada pela Casa. Um ato da Mesa de 2015 prevê justificativas automáticas para ausências de líderes, mas o entendimento de Motta foi que isso não se aplica a quem exerce a função a partir do exterior.
A rejeição ocorreu em meio a pressões políticas e jurídicas contra Eduardo Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República o denunciou ao Supremo Tribunal Federal por coação no curso do processo, acusando-o de tentar influenciar investigações contra seu pai por meio de articulações com autoridades dos Estados Unidos. Segundo o Ministério Público Federal, ele teria atuado para incentivar as sanções econômicas impostas pelo governo Donald Trump a produtos e autoridades brasileiras.
Além disso, o parlamentar tem sido visto em encontros com lideranças americanas e concedeu entrevistas à imprensa internacional defendendo medidas contra o Brasil. A situação reforça a possibilidade de abertura de processo de cassação, já que a ausência prolongada e a acusação da PGR podem configurar quebra de decoro.
A minoria na Câmara é composta pelo maior bloco de partidos contrários ao governo Lula e tem papel estratégico nos debates internos, diferindo da liderança da oposição, que reúne todos os partidos não alinhados ao governo. Para especialistas, a decisão de Motta delimita os limites do exercício remoto de mandatos e abre precedente para questionar parlamentares que se mantêm no exterior sem justificativa formal.