Foto: Google Maps / Reprodução
Friday, 01 de August de 2025 - 13:49:50
Deputada Carla Zambelli permanece em prisão superlotada na Itália durante processo de extradição
JUSTIÇA INTERNACIONAL E SISTEMA PENITENCIÁRIO

A deputada licenciada Carla Zambelli (PL) está detida desde terça-feira (29) na prisão feminina Germana Stefanini, situada no Complexo Penitenciário de Rebibbia, nos arredores de Roma. A decisão de mantê-la na unidade enquanto ocorre seu processo de extradição foi confirmada nesta sexta-feira (1º) após audiência de custódia, segundo o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca.

Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Após fugir para a Itália, foi localizada e presa pelas autoridades locais.

Enquanto aguarda uma definição sobre sua extradição, Zambelli está na maior penitenciária feminina da Itália — e uma das maiores da Europa. A unidade abriga atualmente 371 mulheres, embora tenha capacidade para apenas 272, de acordo com dados do Ministério da Justiça italiano divulgados nesta quinta-feira (31). A superlotação é uma das principais dificuldades enfrentadas pelo presídio.

A estrutura do complexo, embora considerada moderna e relativamente ampla, também sofre com déficit de pessoal. O número de agentes penitenciários é de 181, mas seriam necessários 214 para o funcionamento ideal. A escassez se estende à administração e aos educadores que atuam na reabilitação das detentas.

Localizada no bairro de Rebibbia, em Roma, a prisão foi construída na década de 1950 para receber inicialmente jovens infratoras. Foi administrada por freiras vicentinas até 1979, quando a direção passou para o comando estatal. Atualmente, a unidade conta com duas alas grandes e quatro menores, além de áreas verdes internas e uma fazenda onde parte das presas trabalha.

A ala em que Zambelli está detida é a "Camerotti", destinada a mulheres em regime geral — ou seja, que aguardam julgamento. Cada andar possui 12 celas com dois beliches e um banheiro. Os chuveiros com água quente são coletivos e localizados em cada um dos três andares. No total, a penitenciária possui 156 celas e 94 banheiros, além de uma creche, uma biblioteca, salas de aula, campos esportivos e um teatro.

O presídio conta ainda com serviço médico permanente, disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. O atendimento psiquiátrico, no entanto, é limitado a 25 horas semanais.

As visitas também são reguladas por normas rígidas. Detentas precisam solicitar autorização à diretora da prisão, e o pedido só é aceito se houver “motivos razoáveis”. Para as internas ainda não sentenciadas, como Zambelli, é necessário apresentar alvará da Justiça. Os encontros com advogados devem ser agendados presencialmente — não há possibilidade de contato por telefone — e ocorrem apenas entre 8h30 e 14h.

No que se refere à comunicação, as presas podem fazer ligações apenas com o uso de cartões comprados diretamente na Central de Comando da unidade. Também podem receber até quatro pacotes mensais, com no máximo 20 quilos, contendo roupas e alimentos. Há, no entanto, diversas restrições: vestimentas com enchimento, ombreiras, capuzes, strass, botões acolchoados ou enfeites são proibidas.

Zambelli é a única brasileira detida atualmente na unidade. Sua situação jurídica segue acompanhada de perto pela embaixada brasileira e pelas autoridades diplomáticas. O caso reacende discussões sobre a cooperação entre Brasil e Itália em matéria penal e a atuação do Judiciário brasileiro em casos de repercussão internacional.

Texto/Fonte: G1