Numa reviravolta chocante, diversos indivíduos sem registro de emprego ativo tornaram-se proprietários de imóveis de luxo, carros de alto padrão e acumularam uma fortuna estimada em R$ 8 milhões em transações envolvendo 43 veículos. Este enredo surreal é parte das revelações da Operação Apito Final, recentemente deflagrada pela Polícia Civil.

Os alvos desta operação, ligados a uma facção criminosa, protagonizaram uma saga de aquisições que desafia as normas sociais e legais. Entre os bens adquiridos de forma suspeita, estão duas BMW X5, um Volvo CX 60, uma Toyota Hilux, duas VW Amarok, um Jeep Commander, um Mitsubishi Eclipse e um Pajero, além de diversos Toyota Corolla. Mas não para por aí.

O delegado Rafael Scatolon, que liderou as investigações, destacou que os indivíduos investigados, sem fonte de renda lícita, empregaram transações de compra e venda de bens para ocultar os lucros do tráfico de drogas. Esta artimanha consistia na aquisição de bens em nome de “laranjas”, pessoas sem recursos financeiros que serviam como intermediários para legitimar o dinheiro ilícito.

Os detalhes sórdidos deste esquema criminoso envolvem um vasto leque de associados ao principal alvo da operação, Paulo Witer Farias Paelo, conhecido como WT. Os veículos identificados associados a WT ultrapassam a marca dos R$ 2 milhões, com destaque para uma BMW X5, um Volvo CX60, uma Toyota SW4, um Kia Sportage, um Caoa Chery Tiggo, um Ford Territory e um Mitsubishi Eclipse, todos registrados em nome de terceiros, os tais “laranjas”.

Chama a atenção a forma como alguns bens foram adquiridos. Por exemplo, uma BMW X5, vista poucos dias após a libertação de Paulo Witer da Penitenciária Central do Estado, em dezembro de 2023, foi comprada em nome de uma jovem de 21 anos, sem vínculos empregatícios. A jovem, aparentemente utilizada como testa de ferro, não tinha condições de adquirir tal veículo.

A operação desvendou ainda que os criminosos utilizavam falsas “garagens” para mascarar a transação de automóveis. Ao longo de um ano, apenas na compra e venda de 43 veículos, o grupo criminoso movimentou cerca de R$ 8 milhões.

Além dos veículos, a aquisição de imóveis também foi parte do esquema de lavagem de dinheiro. Paulo Witer teria comprado uma casa no Manso e um apartamento em Cuiabá, entre outros imóveis, em nome de terceiros sem lastro financeiro. O valor total movimentado pela rede de comparsas de WT é estimado em, pelo menos, R$ 65,9 milhões.

A Operação Apito Final, que resultou nesta exposição do esquema elaborado por membros de uma organização criminosa, é fruto de dois anos de investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil. Sob condução dos delegados Gustavo Belão, Rafael Scatolon e Frederico Murta, essa operação visa desarticular uma estrutura criminosa que lucrou milhões às custas do tráfico de drogas e da ilicitude.