A trajetória de João Gomes começou com o boom do piseiro durante a pandemia, mas o pernambucano de 23 anos foi além do gênero que o revelou. O sucesso de “Meu pedaço de pecado” e, depois, de “Dengo” — regravada por Maria Maud e incluída na trilha da novela “Travessia” — consolidou seu nome como um dos principais artistas da música brasileira atual.
Ainda em 2021, o cantor viu seu número de seguidores saltar de 10 mil para 2,5 milhões. Hoje, soma mais de 16,4 milhões nas redes. Mas o reconhecimento não se resume à popularidade: João passou a ser visto como um artista versátil, elogiado por grandes nomes da MPB.
O crítico musical Mauro Ferreira aponta que a guinada veio em 2023, quando Vanessa da Mata o convidou para gravar “Comentário a respeito de John”, de Belchior, no álbum Vem Doce. “O universo da MPB é elitista. A Vanessa abriu uma porta para o João”, avalia.
Desde então, João conquistou parcerias com Gilberto Gil, Lulu Santos, Caetano Veloso e até Marisa Monte, que o apelidou de “Arnaldo Gomes” pela voz grave que lembra a de Arnaldo Antunes. “A gente abraça todo tipo de parceria, sem preconceito”, diz Daniel Mendes, produtor e parceiro do cantor.
Em 2025, João lançou o projeto Dominguinho, ao lado de Jota.Pê e Mestrinho, que virou turnê e foi indicado a prêmios. A iniciativa também o levou ao palco do Tiny Desk Brasil, nos Arcos da Lapa, no Rio. A produtora Barbara Teixeira define o artista como “uma ponte entre a tradição e o futuro da música brasileira”.
Para Mauro Ferreira, João está perto de alcançar o mesmo patamar de artistas como Ivete Sangalo: “Com a gravação do projeto audiovisual, que sai em 2026, ele pode se tornar uma unanimidade entre público e crítica.” A produção contará com participações de Zeca Pagodinho, Ivete, MC Cabelinho e Ruan Vitor Vaqueirinho.
Mesmo em ascensão, João evita polêmicas. “Ele é centrado e conseguiu driblar as armadilhas da fama”, comenta Ferreira. Segundo o produtor Daniel Mendes, o cantor mantém uma equipe fixa de confiança — assessor, segurança, videomaker e fotógrafo — e participa ativamente da gestão das próprias redes sociais.
O produtor compara sua relação com o artista a uma pipa: “Ele é a pipa, e eu sou a linha que segura. Preciso deixar ele voar.” E completa: “João enxerga tudo como simples. Tem ideia, faz, dá um jeito — e quase sempre dá certo. A estrela dele brilha e ele resolve.”