O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou duramente, nas redes sociais, a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), diante do aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo ele, o esforço de Tarcísio para dialogar com empresários e diplomatas em busca de soluções representa uma "subserviência servil às elites".

A crítica ocorre em meio às reações políticas ao tarifaço promovido pelo presidente americano Donald Trump, que impacta diretamente setores estratégicos da indústria brasileira. Eduardo acusou o governador de ignorar o que chamou de “regime de exceção” no Brasil e de não defender Jair Bolsonaro — que, segundo aliados, é o verdadeiro alvo das retaliações comerciais de Trump.

“Se você estivesse olhando para a nossa indústria ou comércio, defenderia o fim do regime de exceção que destruirá a economia e nossas liberdades. Mas, para você, subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais”, escreveu o parlamentar.

Mudança de tom e reunião com exportadores

Inicialmente, Tarcísio havia adotado um discurso alinhado à direita, culpando o presidente Lula pelas tarifas. No entanto, nos últimos dias, passou a defender a união entre governos estadual e federal para mitigar os impactos do tarifaço e chegou a elogiar a diplomacia brasileira.

Nesta terça-feira (15), o governador recebeu representantes do setor exportador paulista no Palácio dos Bandeirantes. O objetivo da reunião foi traçar um diagnóstico sobre os prejuízos causados pelas tarifas e buscar caminhos para reverter ou ao menos mitigar os efeitos econômicos da medida.

Entre os participantes estavam empresários de diversos setores, como Paulo Skaf, do mesmo partido de Tarcísio, e o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar.

Divisões internas na direita

A fala de Eduardo Bolsonaro evidencia o racha dentro da base bolsonarista, especialmente no momento em que o setor produtivo brasileiro tem se distanciado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Empresários próximos ao Centrão têm manifestado insatisfação com a instabilidade política gerada pelas investidas da família Bolsonaro e demonstrado apoio a medidas pragmáticas como as que vêm sendo defendidas por Tarcísio.

Apesar das divergências públicas, o governador não respondeu diretamente ao ataque. A expectativa é que mantenha sua agenda institucional focada na busca de soluções diplomáticas e comerciais para contornar a crise gerada pelas novas tarifas norte-americanas.