O Brasil tem ganhado destaque global por suas vastas reservas de minerais críticos e estratégicos, essenciais para a tecnologia e a transição energética, e recentemente o interesse norte-americano nesses recursos voltou a ser evidenciado em conversas com representantes brasileiros.
Segundo Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e ex-ministro da Segurança, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil reiterou o interesse dos EUA nos minerais críticos e estratégicos brasileiros (MCEs), especialmente elementos das chamadas terras raras, usados em turbinas eólicas, carros elétricos, chips e sistemas de defesa. Esse mesmo posicionamento já havia sido comunicado há cerca de três meses.
Jungmann ressaltou que, embora haja esse interesse, as negociações oficiais sobre o tema são prerrogativa do governo brasileiro. “Dissemos que a pauta de negociações é privativa do governo e que pretendemos negociar com o setor privado de lá”, afirmou.
Esse diálogo ocorre em meio a tensões diplomáticas geradas pela decisão do governo dos EUA, sob Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que entrarão em vigor no início de agosto. O governo Lula vê essa medida como retaliação política, relacionada a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de elementos terras raras, atrás apenas da China, que domina a cadeia global de produção e refino desses minerais. Além disso, o país possui reservas importantes de nióbio, lítio, grafite, cobre, cobalto e urânio, recursos cruciais para a economia do futuro.
O desafio para o Brasil não está apenas na extração, mas em agregar valor ao setor mineral. Para isso, o governo tem incentivado a pesquisa e parcerias estratégicas, buscando desenvolver capacidade tecnológica e industrial para o refino e transformação desses minerais no próprio território nacional, visando maior desenvolvimento econômico e tecnológico.
Com a crescente demanda mundial e a disputa geopolítica entre Estados Unidos e China, o Brasil pode ocupar papel relevante no cenário internacional se conseguir consolidar esse potencial mineral com políticas públicas eficazes e investimentos em inovação.