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Wednesday, 06 de August de 2025 - 08:20:02
Entenda os impactos do tarifaço de Trump sobre o agro brasileiro em cinco pontos
TARIFAS DE TRUMP DEVEM CAUSAR IMPACTO BILIONÁRIO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

A imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve trazer prejuízos bilionários ao agronegócio nacional, atingindo itens como café, carne bovina e pescados. As novas taxas, decretadas pelo presidente Donald Trump, também devem elevar os preços para o consumidor norte-americano. A seguir, os cinco principais pontos para entender os efeitos da medida:

1. Poucos itens do agro escapam da tarifa
Apesar de uma lista com quase 700 produtos ter sido divulgada com isenções parciais, apenas alguns itens do setor agropecuário estão incluídos. Produtos como castanha-do-pará, sisal, madeira e polpa de celulose fazem parte dessa lista e terão uma sobretaxa menor, de 10% — já os que ficaram de fora passam a ser sobretaxados em 50%. Entre os produtos do agro mais exportados aos EUA, os florestais estão entre os beneficiados, mas café e carnes, que lideram a pauta agrícola, estão entre os mais atingidos.

2. Os EUA são estratégicos para o agro brasileiro
Atualmente, os Estados Unidos ocupam a terceira posição entre os maiores compradores do agronegócio brasileiro, atrás apenas da China e da União Europeia. O café, principal produto exportado para os EUA, é comprado em volume significativo — maior que o adquirido por países como China e apenas próximo ao da Alemanha. Já no setor de carne bovina, os EUA são o segundo maior destino, absorvendo cerca de 12% das exportações brasileiras neste ano. Ainda assim, o impacto financeiro da nova tarifa pode representar até US$ 1 bilhão em perdas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Frutas, mel e pescados também são segmentos com forte dependência do mercado americano.

3. Brasil perde, mas os EUA também sofrem impacto
Embora as tarifas penalizem o Brasil, os Estados Unidos também devem enfrentar dificuldades, especialmente com o café e a carne bovina. O país norte-americano é o maior consumidor de café do mundo, mas importa cerca de 99% do que consome, sendo que o Brasil é responsável por aproximadamente 30% desse total. A substituição desse volume não é simples. Já no caso da carne bovina, os EUA enfrentam escassez de bois para abate e não são autossuficientes, o que pode intensificar a inflação do produto no mercado interno.

4. Efeitos sobre os preços no Brasil
Especialistas projetam uma possível queda inicial nos preços da carne bovina no mercado interno, como reflexo da dificuldade de escoar o produto ao exterior. No entanto, essa redução não deve ser duradoura, pois o cenário de oferta limitada nos EUA tende a reequilibrar os preços. Quanto ao café, mesmo com a tarifa, os valores vinham apresentando queda após um ano de alta, e os efeitos imediatos no mercado nacional ainda são incertos.

5. Redirecionar exportações não será simples
A realocação dos produtos afetados para outros mercados é considerada difícil por analistas. No caso do café, a adaptação às exigências específicas de qualidade e normas sanitárias de outros países é um processo complexo. O mesmo vale para exportadores de mel. Quanto à carne bovina, a substituição dos EUA por outro destino que ofereça a mesma rentabilidade é inviável no curto prazo. Além disso, há diferenças nas preferências de consumo: os americanos compram majoritariamente a dianteira do boi, usada em hambúrgueres, enquanto o mercado brasileiro valoriza a traseira, de onde vêm cortes como picanha e alcatra.

A avaliação de entidades do setor é que os efeitos do tarifaço se farão sentir rapidamente, tanto nas exportações brasileiras quanto no abastecimento e nos preços no mercado americano.

Texto/Fonte: G1