A brasileira Caroline, bolsista de enfermagem na Universidade de Utah, está presa há mais de 10 dias em um centro de detenção de imigrantes nos EUA, após ser abordada por um agente do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) no Colorado. A jovem havia sido parada momentos antes por um policial rodoviário, que alegou que ela dirigia muito próxima de um caminhão. Após ser liberada apenas com um aviso, ela foi detida pelo ICE, mesmo sem haver mandado de prisão.
Segundo a organização TheDream.US, que concedeu a bolsa de estudos à jovem, Caroline tem carteira de habilitação válida e não possui antecedentes criminais. O caso ocorre em meio ao endurecimento da política migratória do governo Trump, que já detém cerca de 51 mil imigrantes.
Caroline vive nos EUA desde os sete anos e teve seu pedido de asilo protocolado há três anos junto com sua família, que deixou o Brasil alegando ter sido vítima de violência e sequestro. Apesar disso, a situação migratória segue indefinida. Ela deve comparecer à primeira audiência judicial nesta quarta-feira (18).
Familiares e amigos mobilizaram uma campanha para custear a fiança e a defesa jurídica da estudante, que está detida em Aurora, no Colorado, a quilômetros de onde vive e estuda. O advogado Jonathan Hyman afirmou que o caso pode ser classificado como prisão inconstitucional, o que pode resultar em anulação do processo.
Caroline relatou que divide cela com 17 mulheres, em sua maioria mais velhas e falantes de espanhol, o que dificulta sua comunicação. Ela também disse não gostar da alimentação servida no centro de detenção, que se limita a tacos e burritos.
O caso levantou suspeitas de colaboração entre a polícia do Colorado e o ICE, o que violaria leis estaduais. O gabinete do xerife informou estar conduzindo uma investigação interna sobre a abordagem. A situação tem gerado comoção e alertado outros estudantes estrangeiros, que passaram a evitar exposição pública nas redes sociais por medo de represálias.