Estudantes do curso de Medicina da Unoeste, campus Guarujá (SP), denunciaram à imprensa situações de exaustão física, estrutura inadequada e até falsificação de assinatura em documentos oficiais da universidade. As queixas se concentram no internato obrigatório realizado no Hospital Santo Amaro, onde, segundo relatos, os plantões chegam a durar 24 horas sem descanso.

Alunos ouvidos pelo g1 relataram que precisaram dormir no chão por falta de local adequado, e que, mesmo em condições físicas desgastantes, eram obrigados a cumprir a carga horária integral, sob risco de reprovação. Além disso, a comunicação com a coordenação do curso é descrita como falha, e mudanças no sistema de avaliação são frequentemente implementadas no meio do semestre.

“Usam colegas como exemplo para nos assustar. Pequenos momentos de descanso podem virar punições”, denunciou um estudante sob anonimato. A carga semanal ultrapassaria 60 horas e até os intervalos para almoço são alvo de críticas por parte de orientadores.

O caso mais grave envolve o estudante Roberto Fakhoure, de 43 anos, que acusa a universidade de falsificar sua assinatura em uma ata de reunião sobre sua reprovação. A suposta falsificação, segundo o advogado do aluno, teria sido usada para impedir que ele recorresse à sede da Unoeste no interior paulista e denunciasse as condições do internato. Uma perícia técnica confirmou que a assinatura no documento não é autêntica.

Em nota, a Unoeste negou as acusações e afirmou que o curso de Medicina do campus Guarujá tem nota máxima no MEC, além de destacar que está apurando os fatos. Já o Hospital Santo Amaro, parceiro no internato, reforçou o compromisso com boas condições de trabalho e diálogo contínuo com a universidade.

O caso ganhou destaque após a divulgação das denúncias e promete desdobramentos na Justiça, já que Roberto Fakhoure não poderá colar grau com sua turma enquanto estiver reprovado.