Rubens Oliveira Costa, ex-diretor financeiro de empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (23) durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. A prisão foi determinada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), sob acusação de falso testemunho, após a comissão identificar contradições em suas declarações. Rubens pagou fiança e responderá à Justiça Federal.
O ex-diretor também atua em empresas ligadas a Thaisa Hoffmann Jonasson, companheira do ex-procurador do INSS Virgilio Ribeiro de Oliveira Filho. Rubens foi alertado sobre o risco de prisão durante a sessão, que começou na tarde de segunda-feira (22), e chegou a se negar a assinar o termo de compromisso de dizer a verdade, mas acabou concordando após intervenção do presidente Viana.
O relator da CPMI, senador Alfredo Gaspar (União-AL), solicitou a prisão preventiva de Rubens, citando risco de fuga e a prática continuada de crimes, além de pedido de prisão em flagrante por ocultação de documentos. Gaspar destacou que Rubens movimentou mais de R$ 350 milhões nas contas das empresas em que atuava como diretor financeiro e criticou a impunidade de envolvidos no esquema: “Esse cidadão participou efetivamente de crimes gravíssimos contra aposentados e pensionistas e continua praticando irregularidades”.
Durante a sessão, o vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), enumerou contradições do depoente, demonstrando que ele mudou versões sobre participação em empresas, movimentação de recursos e relações com outros envolvidos. Entre as inconsistências, Rubens primeiro afirmou não ter relação com a ACCA, mas depois admitiu ser diretor e emitir notas fiscais em nome da empresa. Também negou movimentar dinheiro, depois confirmou ter provisionado saques e atuado como diretor financeiro.
Em sua fala inicial, Rubens declarou prestar serviços de gestão administrativa e financeira, atendendo empresas de diversos segmentos, especialmente micro e pequenas empresas. Confirmou atuação como diretor financeiro das empresas ligadas a “Careca do INSS” e teve procuração para operar contas bancárias que movimentaram milhões de reais de aposentados do INSS. Ele também é acusado de manter sociedade com o ex-diretor de Governança do INSS, Alexandre Guimarães, que negou à TV Globo ter recebido dinheiro de forma ilegal.
A defesa de Antônio Carlos Camilo Antunes afirmou que “as acusações apresentadas contra seu cliente não correspondem à realidade dos fatos”. Já a advogada de Virgilio Ribeiro e Thaisa Hoffmann, Izabella Borges, disse que “não há o que ser declarado no momento” e que a defesa ainda não teve acesso aos autos do processo.
Ao longo da comissão, Rubens enfrentou questionamentos sobre documentos e movimentações financeiras, além de interrupções do presidente e dos membros da mesa para obter maior colaboração, mas as respostas inconsistentes levaram à decisão da prisão em flagrante, consolidando o andamento das investigações sobre o esquema que envolve aposentadorias do INSS.