As exportações brasileiras de café para os Estados Unidos registraram queda de 18% entre janeiro e julho de 2025, totalizando 3,7 milhões de sacas. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (12) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), aponta que o recuo ocorreu antes mesmo do tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano Donald Trump, em vigor desde 6 de agosto.
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, o resultado já era esperado, uma vez que em 2024 o Brasil exportou volumes recordes não apenas para os EUA, mas também para outros mercados, o que reduziu os estoques nacionais. Ele acrescenta que, no momento, as indústrias americanas estão postergando novas compras, pois ainda possuem café suficiente para abastecer a produção por 30 a 60 dias.
Ferreira alerta, no entanto, para os riscos dessa postura: “O que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”. Quando um exportador fecha um contrato, explica ele, recorre ao financiamento pré-embarque — o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) — para obter recursos antecipados. Caso o embarque seja adiado, o ACC não é cumprido, gerando cobrança de juros mais altos e custos adicionais.
Apesar da retração nas vendas, os EUA seguem como principal destino do café brasileiro, respondendo por 16,8% das exportações no período. O Cecafé afirma estar atuando junto ao governo federal e a entidades do setor privado americano para incluir o produto brasileiro na lista de isenção tarifária. Paralelamente, mantém diálogo com autoridades estaduais e federais para adotar medidas compensatórias ao segmento.
A China surge como possível alternativa, mas Ferreira pondera que isso não significa, necessariamente, aumento das exportações. Entre janeiro e julho, o país asiático comprou 571.866 sacas e ocupa a 11ª posição entre os principais compradores do café nacional. Recentemente, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem para seu mercado, medida que, segundo o dirigente, reduz a burocracia, mas não garante, por si só, expansão das vendas.