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Monday, 28 de April de 2025 - 11:17:49
Família de Walid Khalid Abdalla Ahmad aguarda há mais de um mês pela liberação do corpo
CORPO DE BRASILEIRO-PALESTINO MORTO EM PRISÃO ISRAELENSE AINDA NÃO FOI LIBERADO

O corpo do brasileiro-palestino Walid Khalid Abdalla Ahmad, de 17 anos, morto em uma prisão israelense, continua retido por Israel mais de um mês após seu falecimento, sem que a família tenha recebido qualquer justificativa oficial.

Apesar dos esforços da diplomacia brasileira, o governo israelense mantém silêncio sobre o caso e não respondeu aos apelos para liberar o corpo. Até agora, nenhuma explicação formal foi apresentada sobre a retenção.

Walid morreu no dia 22 de março deste ano na prisão de Megido, em decorrência de fome, desidratação e complicações infecciosas, conforme revelou uma autópsia obtida pela família. O documento apontou que o quadro foi agravado por "desnutrição prolongada e privação de intervenção médica". O governo de Israel, no entanto, não forneceu esse laudo oficialmente. O acesso ao documento se deu por meio de advogados que atuam no caso e conseguiram o relatório com médicos da prisão.

Fontes diplomáticas brasileiras informaram que, embora Israel não tenha justificado formalmente a retenção, há uma prática antiga no país de manter corpos de prisioneiros como forma de moeda de troca em negociações futuras — prática que antecede o atual conflito em Gaza, iniciado em outubro de 2023.

Família faz apelo direto ao presidente Lula

Em entrevista à GloboNews, o pai de Walid, Khaled Ahmad, expressou a profunda dor da família pela perda e pela impossibilidade de se despedir do jovem.

"Até agora, Israel não nos forneceu nenhuma justificativa para não liberar. E também não respondeu ao nosso pedido de restituição do corpo", afirmou Khaled. Ele fez um apelo público ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que intervenha de forma mais ativa no caso.

"Gostaria de fazer um apelo ao presidente do Brasil para que nos ajude a conseguir a liberação do corpo do nosso filho, para que possamos sepultá-lo de acordo com os ritos islâmicos. Acredito que ele possa nos ajudar, pois é um grande presidente de um grande país", disse Khaled.

Jovem não chegou a ser julgado

Walid foi preso em 30 de setembro de 2024, na cidade de Silwad, na Cisjordânia ocupada por Israel, sob acusação de agredir militares israelenses com pedras. Ele morreu antes de ser julgado.

Segundo Khaled Ahmad, o jovem era saudável, estudava em uma escola particular e sonhava cursar Ciências Financeiras e Bancárias na Universidade de Birzeit. Também era um jogador de futebol talentoso.

"No entanto, esses sonhos foram destruídos após sua morte na prisão israelense, em consequência de tortura, doenças, negligência médica, fome e falta de higiene dentro dessas prisões", lamentou o pai.

A Federação Árabe-Palestina do Brasil relata que a prisão de Megido, onde Walid estava detido, é conhecida por relatos de tortura, choques elétricos, espancamentos e privação de alimentos.

Governo brasileiro cobra esclarecimentos

Em nota divulgada no mês passado, o Ministério das Relações Exteriores cobrou que o governo de Benjamin Netanyahu investigue o caso com celeridade e transparência.

"O governo israelense deve conduzir investigação célere e independente acerca das causas do falecimento, bem como dar publicidade às suas conclusões", afirmou o Itamaraty.

O governo brasileiro também expressou solidariedade à família de Walid e afirmou que continuará exigindo explicações sobre as circunstâncias da morte.

Durante viagem ao Japão, também em março, o presidente Lula comentou brevemente o caso: "Nós estamos vendo com muita seriedade o fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde muitas pessoas já foram mortas. E essa semana nós tivemos a tristeza de ver a morte de um brasileiro que foi preso na prisão em Israel", declarou.

Texto/Fonte: G1