O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu manter inalterada a taxa básica de juros do país na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (17), reflete a cautela da autoridade monetária diante das incertezas econômicas ainda elevadas, apesar de ligeiramente menores que na última reunião.
A estabilidade da taxa vem em um contexto de expansão moderada da economia americana, inflação persistente — com índice anual de 2,4%, acima da meta de 2% — e mercado de trabalho aquecido. O comitê destacou que continua atento aos riscos que podem comprometer sua meta dual de controle da inflação e pleno emprego.
O cenário internacional também influencia a decisão. A política tarifária do presidente Donald Trump, que impôs taxas a produtos de mais de 180 países, ainda provoca incertezas. O temor é de que essas medidas, ao encarecerem bens importados e pressionarem os custos de produção nos EUA, aumentem a inflação e freiem o crescimento.
Economistas alertam que o vaivém nas tarifas gera desconfiança nos mercados e afeta diretamente a confiança de consumidores e empresas. Mesmo com algumas tarifas suspensas, o receio de uma nova escalada, prevista para julho, preocupa investidores.
Efeitos no Brasil
A manutenção de juros elevados nos EUA pressiona o Brasil. Com o aumento da atratividade das Treasuries — títulos do governo americano —, investidores estrangeiros tendem a retirar capital de mercados emergentes como o brasileiro, fortalecendo o dólar e enfraquecendo o real.
Esse movimento também pressiona a inflação no Brasil, já que o dólar caro encarece produtos importados. Como consequência, o Banco Central pode ter que manter a taxa Selic elevada por mais tempo, afetando o crédito e o crescimento econômico doméstico.