A duração crescente das produções cinematográficas tem se tornado um tema recorrente nos bastidores de Hollywood e nos principais festivais de cinema. Em 2023, os dez filmes mais lucrativos tiveram, em média, 2h20 de exibição — cerca de meia hora a mais que a média registrada nas décadas de 1980 e 1990. Exemplos recentes incluem “Assassinos da Lua das Flores” (3h25), “Duna: Parte 2” (2h45), “Oppenheimer” (3h) e “Batman” (2h56).

No Festival de Veneza, o diretor Alberto Barbera revelou que a equipe de curadoria passou a avaliar produções com atenção especial ao tempo de tela. Segundo ele, muitos cineastas, influenciados pelo formato de séries longas, associam duração estendida à criação de um “evento” cinematográfico.

Entre os defensores desse formato está Brady Corbet, indicado ao Oscar com o longa de 3h35 “O Brutalista”. Para ele, a complexidade da narrativa exige mais tempo, e a crítica à duração é comparável a questionar o tamanho de uma obra de arte. James Cameron segue a mesma linha e afirmou que as 3h10 de “Avatar: O Caminho da Água” foram necessárias para aprofundar relações entre personagens e ampliar a imersão do público.

Por outro lado, diretores como Alexander Payne defendem que, independentemente da metragem, o filme deve ser o mais conciso possível, evitando excessos que não agregam à trama. Atrizes como Carey Mulligan e Kristen Stewart reconhecem que longas extensos podem exigir demais do espectador, enquanto Margot Robbie elogia o ritmo ágil de produções dos anos 1990.

O debate segue sem consenso, equilibrando a intenção de criar experiências completas com o desafio de manter o público engajado — e acordado — até o último minuto.