Está quase tudo lá: a festa, a rua e as pessoas. Mas o cenário, a favela, agrega peculiaridades no modo de torcer pela Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo. E foi de olho nessas características que o fotógrafo Bruno Itan passou a fotografar a Copa nas Favelas, já há três mundiais.
“Sempre tem festa na Zona Sul, em Copacabana, mas nunca mostram a favela e seu potencial. É humilde, mas tem a mesma emoção e intenção: apoiar a Seleção Brasileira”, diz.
Foi em um clique desses, na Copa de 2018, que Bruno registrou um menino improvisando a camisa de Philippe Coutinho para torcer pelo seu ídolo. A foto viralizou e chegou até o jogador, que fez questão de mandar uma camisa para o fã Wallace Rocha.
“Mesmo com toda humildade, a alegria das crianças está sempre lá. Futebol e favela tem tudo a ver. Se não tem dinheiro para a camisa da Seleção, improvisa com uma amarela, se não tem a do jogador, escreve com canetinha. Mas tem a torcida”, diz.
Para a Copa de 2022, Bruno diz que o clima de festa, registrado em outros mundiais, está mais contido. São poucas as ruas enfeitadas ou pintadas, e o moradores também estão tendendo a ficar mais dentro de casa.
“Acho que só a Rocinha está mais enfeitada. Em outros lugares está mais difícil. Acho que a questão política afastou um pouco, polarizou muito e demorou para o pessoal animar. Em outras Copas, as pessoas estavam mais motivadas a torcer no beco, na rua”, diz.
Outro motivo para o desanimo está na violência, que não aplacou nas comunidades cariocas desde o último mundial.
Bruno, que além de fotografar em favelas, é morador o Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, tem bem a noção desse fator que dificulta viver esse momento de alegria.
“Agora mesmo tem um caveirão na entrada do Jacarezinho. Já convivíamos com o Cidade Integrada, com o Bope e o Choque desde o início do ano, mas, com os confrontos da semana passada, chegou esse blindado. Enquanto na Rocinha, Penha e Alemão tem telão. No Jacarezinho tem caveirão”, diz ele que fez o registro do que é torcer na Copa em meio à guerra que acontece nas favelas.
“Vai do amor pela Seleção à tensão pelo caveirão’, resume.