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Terça, 26 de maio de 2020 - 15:50:03
Gigante do agro culpa seca; alega dívida de R$ 120 mi e entra em recuperação em MT
AGRONEGÓCIO
Município de Sorriso já foi considerado a “Meca” do agronegócio brasileiro mas dívidas de centenas de milhões de reais de empresas podem indicar “bolha do agro”

A DFG Agropecuária, que atua nas regiões de Sorriso, Gaúcha do Norte, e Porto dos Gaúchos, em Mato Grosso, entrou com um pedido de recuperação judicial alegando dívidas de R$ 120,9 milhões. 

A organização relatou no pedido de recuperação que não conseguiu superar a crise de 2014 e a estiagem de 2016. O grupo é especializado na produção de commodities – soja, milho, algodão e carne bovina. “Este é mais um caso que representa a crise pela qual passam os produtores rurais do país enfrentam nos últimos anos. É um reflexo dos cenários atípicos que vivemos nas últimas safras e não restou outra saída que não o pedido de recuperação judicial como forma de preservar a atividade econômica e garantir a geração de emprego e renda de várias famílias”, afirma a defesa do Grupo DGF.

A DFG conta no processo que iniciou as suas atividades no ano de 1998. De propriedade de Darcy Getúlio Ferrarin e Darci Getúlio Ferrarin Filho, a organização revela que, no começo, adquiriu a fazenda Santa Maria da Amazônia, como 13,3 mil hectares.

“Em virtude dos prejuízos experimentados, o faturamento foi mais baixo, havendo a necessidade de ser necessária maior exposição a crédito de terceiros para fomentar a atividade, uma vez que o caixa não conseguiu suprir a totalidade das necessidades operacionais”, diz trecho do processo.

CRISE EM SORRISO

A DFG engrossa a fila de empresas do agronegócio de Mato Grosso que entraram com processo de recuperação judicial. Em janeiro de 2020, o Grupo Dal Molin pediu a recuperação no Poder Judiciário Estadual (TJ-MT). A organização é uma das pioneiras do agronegócio na região de Sorriso (420 KM de Cuiabá), e culpa as condições climáticas, e até mesmo “acidentes”, para o acúmulo de dívidas que ultrapassam R$ 136,4 milhões.

Nesse sentido, Sorriso, considerada a "Meca" da produção de commodities no Brasil, parece ter vivido uma “bolha do agronegócio”, tendo em vista que – além da DFG, e do Grupo Dal Molin -, o Grupo Francio, que também atua no município, pediu a recuperação na Justiça. As dívidas são de R$ 43 milhões.

Confirmando a tendência, na última sexta-feira (22), a juíza da 1ª Vara Cível de Sorriso, Paula Saide Casagrande, autorizou o uso da força policial na busca e apreensão de cerca de 3,4 mil toneladas de soja que estavam em posse da filial no município da Indiana Agri – outra do agronegócio em crise, especializada no comércio de commodities, e que tem uma dívida de R$ 222,2 milhões.

Ao contrário de suas concorrentes, entretanto, a Indiana Agri não teve seu pedido de recuperação judicial autorizado pela Justiça em decisão da 1ª instância.

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