Um levantamento realizado entre janeiro e maio de 2025 identificou que o golpe da loja online falsa é o tipo de fraude de compras mais comum no Brasil. O estudo, feito com base em cerca de 11.800 denúncias registradas na plataforma SOS Golpe, revelou que 45,1% das ocorrências — o equivalente a 5.300 casos — envolvem esse tipo de crime, em que vítimas são atraídas por promoções falsas em redes sociais e perdem dinheiro ao comprar produtos que nunca chegam.
O Distrito Federal aparece no topo do ranking, com o maior índice proporcional de fraudes digitais. Segundo os pesquisadores, o local concentra uma população com maior renda e volume de transações bancárias. Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná também estão entre os estados com mais registros.
O golpe da loja falsa geralmente envolve sites com aparência profissional que somem após o pagamento, quase sempre via PIX. A perda média estimada é de R$ 740. A presidente da Silverguard, Marcia Netto, afirma que esse tipo de fraude se aproveita da ideia de uma "grande oportunidade", explorando o impulso dos consumidores.
A pesquisa também destacou outras fraudes frequentes:
Empresa clonada: sites falsos que imitam lojas reais, como no caso de ingressos para shows da Taylor Swift em 2023; prejuízo médio de R$ 520.
Vendedor de itens usados: golpistas invadem contas em redes sociais e oferecem produtos inexistentes a amigos e seguidores; a perda média é de R$ 1.810.
O estudo apontou que, em Roraima, o golpe mais comum é o do vendedor de usados, enquanto no Acre prevalece a clonagem de empresas. Esses são os únicos estados onde o golpe da loja falsa não lidera.
A metodologia do levantamento cruzou denúncias da SOS Golpe com dados do Banco Central sobre transações via PIX, permitindo comparar a incidência proporcional entre os estados.
Especialistas alertam para a crescente sofisticação das fraudes, com uso de CNPJs falsos, anúncios pagos em redes sociais e a atuação de quadrilhas especializadas. A pesquisadora Yasmin Curzi, do Karsh Institute of Democracy (EUA), considera o cenário “muito grave” e cobra atuação mais firme de plataformas digitais e órgãos como o Procon e a Senacon.
Entre as orientações para evitar cair em golpes estão: desconfiar de ofertas com preços muito abaixo do mercado, verificar a URL dos sites, pesquisar a reputação das lojas e evitar pagamentos fora dos canais oficiais ou via redes Wi-Fi públicas.