O governo de Donald Trump revogou o visto de Jorge Messias, advogado-geral da União, em mais uma ação de retaliação contra autoridades brasileiras ligadas ao Judiciário e ao Executivo. Segundo a agência Reuters, além de Messias, outras cinco figuras próximas ao ministro Alexandre de Moraes também foram atingidas: José Levi, ex-AGU; Benedito Gonçalves, ex-ministro do TSE; Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes no STF; Marco Antonio Martin Vargas, ex-assessor eleitoral; e Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, juiz auxiliar.
Messias confirmou a medida e classificou o gesto de Washington como uma “agressão injusta”. Para ele, as sanções unilaterais são incompatíveis com a trajetória diplomática construída ao longo de dois séculos entre Brasil e Estados Unidos. “Reafirmo meu integral compromisso com a independência constitucional do nosso Sistema de Justiça e continuarei a desempenhar minhas funções em favor do povo brasileiro”, declarou o chefe da AGU.
As retaliações se intensificaram após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e após decisões do Supremo Tribunal Federal que atingiram empresas americanas, como o bloqueio da rede social Rumble. No início do ano, a plataforma e a Trump Media acusaram Alexandre de Moraes de censura, o que resultou em pressão política em Washington.
Em julho, o secretário de Estado Marco Rubio afirmou que estudava sanções contra Moraes, que logo depois teve o visto suspenso e passou a ser alvo da Lei Magnitsky. Na mesma época, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em resposta direta às decisões do STF contra Bolsonaro.
Essa não é a primeira leva de suspensões. Já em julho, os vistos de Moraes e de outros sete ministros do STF haviam sido cancelados: Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi atingido, assim como Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-integrante do governo brasileiro.
Ficaram de fora da lista os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux, que seguem autorizados a entrar nos Estados Unidos.