Foto: Ricardo Stuckert
Wednesday, 02 de July de 2025 - 15:30:33
Governo e Congresso admitem pior fase da relação e veem cenário de isolamento no segundo semestre
GOVERNO LULA ENFRENTA CRISE DE ARTICULAÇÃO COM O CONGRESSO NACIONAL

Levantamento realizado com mais de 200 deputados federais revela que 57% dos parlamentares avaliam como baixas as chances de o governo Lula aprovar sua agenda no segundo semestre. A constatação aponta para um cenário de crescente desgaste entre Executivo e Legislativo, considerado o pior momento da relação desde o início do atual mandato presidencial.

Fontes do governo, ouvidas pelo blog, admitem que o ambiente de articulação política se deteriorou consideravelmente nas últimas semanas. A percepção negativa dos deputados já se manifestava antes mesmo de episódios recentes, como derrotas legislativas e tensões institucionais, o que indica um agravamento gradual.

O levantamento, iniciado em maio, também aponta que há temas legislativos com potencial de amenizar o impasse, como a autorização para novos leilões de petróleo, que interessam diretamente ao Congresso por aumentarem a arrecadação e abrirem margem para liberação de emendas parlamentares. Ainda assim, a governabilidade dependerá de maior habilidade do governo em alinhar pautas executivas com interesses políticos dos deputados, especialmente diante das eleições de 2026.

A antecipação do debate eleitoral intensifica o desafio. A recente derrota do governo em votação sobre o decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) contribuiu para acirrar os ânimos no Congresso. A decisão do Planalto de judicializar o tema no Supremo Tribunal Federal foi interpretada como estratégia para pressionar o Legislativo, o que aprofundou o desgaste.

Na avaliação do governo, propostas com potencial de beneficiar Lula eleitoralmente — como investimentos em políticas sociais ou obras estruturantes — enfrentarão maior resistência na Câmara e no Senado. A leitura é que há um esforço do Congresso em frear iniciativas que possam fortalecer a imagem do presidente.

A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o INSS é outro fator que tende a acentuar a crise política. A expectativa é de uma composição majoritariamente oposicionista, o que deve gerar novos constrangimentos ao Executivo ao longo do segundo semestre.

Nos bastidores, integrantes da articulação política reconhecem que a margem de negociação com o Congresso está cada vez mais estreita. A avaliação predominante é que o governo chega à segunda metade de 2025 mais isolado, com menor capacidade de articulação e dependente de concessões políticas e orçamentárias ao Centrão para aprovar pautas estratégicas.

Assim, o cenário projetado para os próximos meses exige do governo pragmatismo extremo e habilidade para administrar um Legislativo que opera com agenda própria e foco eleitoral já em curso.

Texto/Fonte: G1