Fontes do governo norte-americano informaram à rede NBC que o governo do presidente Donald Trump estuda uma possível operação militar contra cartéis de drogas no México. O plano incluiria o envio de tropas, oficiais de inteligência e agentes da CIA para atuar em território mexicano, além do uso de drones em ataques a laboratórios e líderes de organizações criminosas.

Segundo a emissora, a ofensiva ainda está em fase inicial de planejamento e treinamento das tropas. As fontes ouvidas afirmaram que a missão não teria como objetivo provocar uma mudança de regime, como ocorreu em intervenções anteriores, a exemplo da Venezuela. Até o momento, o governo Trump não fez pronunciamentos oficiais sobre o tema.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, reagiu à reportagem nesta terça-feira (4), afirmando que “uma ação militar unilateral dos Estados Unidos em território mexicano não vai acontecer”. Em entrevista coletiva, ela reforçou a posição de que o México deve resolver seus próprios problemas internos e negou qualquer informação que indique a iminência de uma incursão americana. “Não temos nenhum relatório indicando que isso vá acontecer. E, além disso, não concordamos com isso”, disse.

Sheinbaum tem rejeitado publicamente as ofertas de Trump para enviar tropas ao país vizinho, insistindo que a soberania mexicana deve ser respeitada. Paralelamente à polêmica, a presidente anunciou o lançamento de um novo plano de segurança voltado ao estado de Michoacán, uma das regiões mais afetadas pela violência do narcotráfico.

O “Plano Michoacán pela Paz e Justiça” busca, segundo Sheinbaum, substituir o enfoque militarizado por medidas de desenvolvimento social e inteligência. “A segurança não se sustenta com guerras, mas com justiça, desenvolvimento e respeito à vida”, afirmou. O projeto prevê ações educativas e esportivas, além de consultas com comunidades locais, para conter o avanço das organizações criminosas.

O anúncio ocorre dias após o assassinato do prefeito de Uruapan, Carlos Manzo, morto a tiros em um evento público em 1º de novembro. Conhecido como o “Bukele mexicano” por adotar uma política de enfrentamento direto aos traficantes, Manzo liderava pessoalmente operações contra criminosos e era crítico da abordagem de Sheinbaum. Sua morte provocou protestos e ataques a instalações públicas em Michoacán.

A região é dominada por facções como o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG) e La Nueva Familia Michoacana, ambas classificadas pelo governo Trump, em fevereiro, como “organizações terroristas estrangeiras”. A tensão aumentou nas últimas semanas, e Washington vem pressionando o México a agir de forma mais enérgica contra os grupos.

Apesar das divergências, Sheinbaum reafirmou que o combate ao crime organizado será conduzido dentro do território mexicano “sem permissões para matar” e com foco na reconstrução da paz social. O plano começará a ser implementado após a consulta pública com as comunidades locais de Michoacán, um dos maiores polos agrícolas do país e principal exportador mundial de abacate.