Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
Wednesday, 23 de July de 2025 - 14:06:38
Governo Trump investiga Harvard e outras cinco universidades por bolsas e intercâmbio
OFENSIVA FEDERAL CONTRA UNIVERSIDADES DOS EUA

O governo do ex-presidente Donald Trump intensificou a pressão sobre instituições de ensino superior dos Estados Unidos com o anúncio de duas investigações distintas envolvendo seis universidades, incluindo a renomada Harvard. As apurações, conduzidas pelos Departamentos de Estado, Educação e Segurança Interna, miram tanto o programa de intercâmbio da universidade de Harvard quanto a política de concessão de bolsas em outras cinco instituições.

Segundo documento obtido pelo The New York Times, o Departamento de Estado enviou um comunicado ao reitor de Harvard afirmando que a universidade tem uma semana para entregar registros detalhados sobre seu programa de visitantes de intercâmbio. A investigação busca averiguar a elegibilidade da instituição como patrocinadora e se suas ações comprometem interesses de segurança nacional dos Estados Unidos. O secretário de Estado, Marco Rubio, indicou ainda que funcionários e titulares de visto poderão ser interrogados.

“Para manter o privilégio de patrocinar visitantes de intercâmbio, os patrocinadores devem cumprir todas as regulamentações, inclusive aquelas que protejam os objetivos da política externa e os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”, destacou o texto oficial.

Enquanto isso, o Departamento de Educação abriu investigações contra a Universidade de Louisville, Universidade de Nebraska Omaha, Universidade de Miami, Universidade de Michigan e Universidade Western Michigan. A acusação principal é de que essas instituições estariam priorizando estudantes com status DACA ou imigrantes sem documentação na distribuição de bolsas de estudo, em possível violação ao Título VI da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proíbe discriminação com base em origem nacional.

Craig Trainor, secretário adjunto interino para os Direitos Civis, afirmou que “nem as políticas de 'América em primeiro lugar', nem a legislação antidiscriminatória permitem que cidadãos americanos sejam excluídos de oportunidades educacionais por terem nascido nos Estados Unidos”.

As denúncias partiram do Projeto de Proteção Igualitária da Legal Insurrection Foundation. Segundo a entidade, cidadãos americanos estariam sendo lesados por políticas que favorecem estrangeiros.

A ofensiva federal também atingiu Harvard em outra frente. O Departamento de Segurança Interna enviou intimações à instituição, exigindo dados sobre estudantes estrangeiros e acusando a universidade de permitir “abusos de privilégios de visto” e de tolerar manifestações que defenderiam violência ou terrorismo, em referência aos protestos contra a guerra em Gaza.

O ex-presidente Trump, por sua vez, afirmou que “Harvard tem sido totalmente antissemita” e sugeriu que a instituição cederá à pressão. Em paralelo, o governo notificou a universidade de que ela poderia perder sua certificação, alegando “provas concretas” de violação da legislação federal.

Harvard, em resposta, declarou que continuará cooperando com as exigências legais, apesar de considerar as ações do governo “retaliações injustificadas”. Em nota, a instituição reafirmou seu compromisso com a liberdade acadêmica: “Harvard continua defendendo a instituição e seus membros contra interferência governamental que tenta ditar admissões, contratações e currículos”.

A crise se agravou após o congelamento de verbas federais, motivado pela recusa da universidade em aceitar novas imposições do governo. Os protestos estudantis — especialmente os promovidos por alunos e acadêmicos estrangeiros — tornaram-se um dos principais focos da retórica política de Trump.

Texto/Fonte: G1