O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rebateu críticas sobre a aprovação da derrubada dos decretos que aumentavam o IOF e afirmou, em vídeo nas redes sociais, que o governo já havia sido alertado sobre a dificuldade da medida no Parlamento. Para ele, “capitão que vê o barco indo ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice”.
A declaração surge após o Congresso Nacional anular, em votação expressiva, os decretos do presidente Lula que elevavam a alíquota do IOF. Na Câmara, a medida foi derrubada com 383 votos favoráveis — inclusive de partidos com ministérios no governo — e no Senado, a aprovação ocorreu de forma simbólica.
Motta argumenta que a decisão foi tomada de forma suprapartidária, com apoio de deputados de esquerda e direita, e criticou o que chamou de tentativa de “polarização social”. Ele também reiterou que não atua por interesses partidários, mas “pelo país”, e classificou como "fake" a versão de que o Planalto teria sido surpreendido pela inclusão da matéria na pauta.
Nos bastidores, o movimento do Congresso é visto como reação à insatisfação crescente com os sucessivos aumentos de impostos e com o atraso na liberação de emendas parlamentares, além da pressão de setores afetados e do mercado.
Enquanto isso, o governo federal aguarda parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) para avaliar se recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se for constatada violação à prerrogativa do Executivo, o presidente Lula deverá recorrer à Justiça para preservar a separação dos Poderes.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), minimizou a polêmica, afirmando que tanto a manifestação de Motta quanto a judicialização são “direitos” legítimos e não representam afronta entre os Poderes.