A Elevação do Rio Grande, uma ilha submersa de 500 mil km² localizada a 1.200 km da costa do Rio Grande do Sul, atrai atenção devido à sua riqueza em minerais críticos e estratégicos, segundo estudos da USP. O governo brasileiro reivindica o controle da área junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da ONU desde fevereiro de 2025, mas ainda não há resolução.
Nesta quinta-feira (24), Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), informou que Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, demonstrou interesse dos Estados Unidos nos minerais da região. O presidente Lula criticou publicamente o interesse, afirmando que o Brasil protegerá seu petróleo, ouro e minerais.
Embora os EUA não sejam signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o que impede sanções em caso de exploração, especialistas alertam para a possibilidade de tensões diplomáticas. João Gabriel Burmann, professor de Relações Internacionais da Uniritter, aponta que o interesse americano pode ser mais um elemento nas negociações bilaterais, ao lado de temas como tarifas comerciais e investigação política.
Tatiana de Almeida Squeff, professora de Direito Internacional da UFRGS, destaca que, juridicamente, os EUA não têm impedimento para explorar a área, mas isso poderia gerar debates em cortes internacionais. Ela cita que o interesse dos EUA em territórios estratégicos, como a Groenlândia, é crescente, o que pode acrescentar um novo capítulo nas relações entre os países.
Por outro lado, há avaliação de que o caminho para a questão pode ser a cooperação. João Jung, professor da PUCRS, considera que o Brasil, reconhecido por sua expertise em exploração submarina, poderia colaborar com os EUA. “Não vejo risco de intervenção, mas possibilidade de diálogo. A Elevação do Rio Grande representa uma fonte adicional de minerais estratégicos para os EUA, e para o Brasil, uma oportunidade de cooperação”, conclui.
Imagens recentes feitas por veículos não tripulados revelam detalhes geológicos da região, como cânions submarinos, reforçando a importância estratégica da Elevação do Rio Grande.