As restrições impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), têm como um dos principais objetivos impedir que ele deixe o Brasil, segundo investigadores da Polícia Federal ouvidos pelo blog da jornalista Andréia Sadi. As medidas, que incluem uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de contato com embaixadas, equivalem, segundo os investigadores, a uma forma híbrida entre prisão domiciliar e regime semiaberto.
Na avaliação dos investigadores, Bolsonaro tem “dobrado a aposta” desde o início das apurações sobre a tentativa de golpe de Estado. As ações da Polícia Federal desta sexta-feira (18), que incluíram mandados de busca e apreensão, fazem parte de uma investigação que aponta possíveis tentativas de obstrução da Justiça e pressão sobre o STF.
Fontes da PF também lembraram que o temor de uma possível fuga é alimentado por antecedentes recentes, como o caso da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), que fugiu do Brasil 20 dias após ser condenada pelo STF por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça. Outro fator que pesa nas suspeitas é o fato de Bolsonaro ter enviado R$ 2 milhões ao filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, que atualmente vive nos Estados Unidos.
A operação desta sexta-feira está vinculada ao inquérito que investiga possíveis ações de Eduardo Bolsonaro para interferir no andamento da ação penal que apura a tentativa de golpe. A Procuradoria Geral da República (PGR) vê indícios de que o ex-presidente tenha se beneficiado dessas articulações. Segundo as investigações, Eduardo teria buscado apoio de aliados de Donald Trump para pressionar o governo norte-americano a retaliar ministros do STF com sanções.
No último dia 9, Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, classificando Bolsonaro como alvo de uma "caça às bruxas" no Brasil. A medida foi interpretada como parte de uma ação coordenada de influência internacional em favor do ex-presidente.