O Irã teria transferido seu estoque de urânio enriquecido para outras instalações antes dos ataques dos Estados Unidos ao complexo nuclear de Fordow, conforme apurou o Financial Times junto a fontes de inteligência europeias. De acordo com essas informações, os 408 kg de material com potencial para produção de armas nucleares já não estavam mais no local no momento dos bombardeios.

Fordow, situada sob uma montanha próxima à cidade de Qom, é uma das principais instalações do programa nuclear iraniano e um alvo estratégico, cuja destruição exige capacidade militar significativa, como a dos EUA. Imagens de satélite mostraram caminhões posicionados na entrada da instalação dias antes do ataque, levantando suspeitas de uma movimentação de material.

O presidente norte-americano, Donald Trump, negou a versão divulgada pelo jornal britânico, alegando em publicação na Truth Social que os veículos vistos nas imagens transportavam concreto e não urânio. “Nada foi retirado da instalação. Seria muito perigoso e pesado demais para isso”, afirmou.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, também declarou que não há dados de inteligência que confirmem a retirada do material. Já Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), disse que Fordow não está mais operativa após os ataques, mas não confirmou se o urânio havia sido transferido antes.

Enquanto isso, o Irã admitiu que houve "grandes danos" na instalação, mas sem detalhar sua natureza. Nesta quinta (26), o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, minimizou o impacto da ofensiva: “Os EUA não conseguiram muito”.

A AEIA ainda aguarda autorização iraniana para vistoriar os danos e confirmar o estado atual do programa nuclear. A falta de dados concretos mantém a disputa de versões entre Washington e Teerã.