Em um encontro na Casa Branca nesta segunda-feira (7), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-presidente dos EUA Donald Trump demonstraram alinhamento total sobre o futuro da Faixa de Gaza. Ao lado de Trump, Netanyahu afirmou que o plano de deslocamento em massa da população palestina se baseia na “livre escolha” e classificou a proposta do republicano como “brilhante”.
“Se quiserem ficar, podem ficar. Mas, se quiserem sair, devem ter essa liberdade. Gaza não deve ser uma prisão”, disse Netanyahu. Apesar do tom conciliador, ele reforçou que o controle da segurança do enclave seguirá sob domínio de Israel.
Paralelamente, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, detalhou o plano do governo: a construção de uma “cidade humanitária” nas ruínas de Rafah, no sul de Gaza. O local abrigaria inicialmente 600 mil palestinos, que só poderiam deixar a área caso emigrassem para outros países.
Katz afirmou que o objetivo é expandir a medida para abrigar toda a população de Gaza, composta por mais de 2 milhões de pessoas. Ele declarou que a operação de transferência começaria logo após um eventual cessar-fogo com o Hamas. “Uma vez lá dentro, os moradores não teriam permissão para sair”, declarou.
A proposta foi duramente criticada por especialistas em direitos humanos, que classificam o plano como uma tentativa de “limpeza étnica” disfarçada de migração voluntária.
Embora a iniciativa tenha sido bem recebida por setores radicais da coalizão de Netanyahu — que visam abrir espaço para assentamentos de colonos israelenses —, ela enfrenta resistências dentro do próprio governo. O comandante das Forças Armadas, general Eyal Zamir, declarou que não cabe ao Exército promover deslocamentos populacionais.
Outro impasse é sobre quem administraria a “cidade humanitária”. Katz sugeriu a responsabilidade a organizações internacionais, mas apenas a Fundação Humanitária de Gaza, que tem apoio de Israel e dos EUA, demonstrou interesse até o momento. Entidades respeitadas têm rejeitado colaborar com a proposta, temendo envolvimento em violações de direitos humanos.
A ideia defendida por Netanyahu e Trump foi apresentada como um gesto humanitário, mas, segundo analistas, esconde um plano de expulsão em massa dos palestinos e pode agravar ainda mais a crise humanitária no enclave.