O governo de Israel retomou nesta quarta-feira (29) o acordo de cessar-fogo com o Hamas, após uma série de ataques aéreos que deixaram mais de 100 mortos na Faixa de Gaza. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), a decisão veio depois de “dezenas de alvos terroristas” serem atingidos em resposta a violações do cessar-fogo atribuídas ao grupo palestino.

“De acordo com a diretriz da liderança política e após uma série de ataques, as IDF iniciaram a retomada da aplicação do cessar-fogo em resposta às violações do Hamas. As forças continuarão a manter o acordo e responderão firmemente a qualquer nova violação”, declarou o Exército israelense em comunicado.

De acordo com as IDF, mais de 30 combatentes que ocupavam posições de comando em facções ligadas ao Hamas foram mortos durante a ofensiva. O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que “não haverá imunidade para nenhuma liderança do Hamas”, incluindo integrantes em Gaza e negociadores baseados no Catar.

A nova série de bombardeios foi ordenada pelo governo israelense na terça-feira à tarde (horário de Brasília), mesmo com o cessar-fogo mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda em vigor. Trump, no entanto, declarou que o acordo “não está em risco” e que “o Hamas precisa se comportar”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a ofensiva foi uma retaliação a dois incidentes recentes: ataques contra tropas israelenses em uma linha de controle recém-estabelecida em Gaza e a demora na entrega dos corpos de 13 reféns israelenses ainda em posse do Hamas. Segundo o grupo, o acesso aos corpos é dificultado pelos destroços, mas Israel acusa o Hamas de “mentir deliberadamente”.

O Hamas, por sua vez, nega ter violado o cessar-fogo e acusa Israel de agir de forma unilateral, citando os bombardeios noturnos como prova de que o Exército israelense rompeu o acordo. Imagens divulgadas pela agência Reuters mostram palestinos retirando corpos de civis entre os escombros de casas destruídas na Cidade de Gaza, na madrugada desta quarta-feira.

A escalada ocorre apenas dias após a assinatura do cessar-fogo, mediado pelos Estados Unidos, que previa o fim temporário das hostilidades e a troca de reféns por prisioneiros palestinos.