A Justiça dos Estados Unidos suspendeu a ordem do governo Trump que proibia estudantes estrangeiros de estudarem na Universidade de Harvard. A decisão, da juíza federal Allison Burroughs, anulou temporariamente a medida do Departamento de Segurança Interna (DHS), que afetaria cerca de 7 mil alunos internacionais — aproximadamente um quarto do corpo estudantil da instituição.
A decisão foi tomada após Harvard entrar com uma ação judicial denunciando os "efeitos devastadores" da proibição. Em nota, a universidade afirmou:
"Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard. Com um golpe de caneta, o governo tentou apagar um quarto do corpo estudantil."
A medida do DHS previa que os estudantes estrangeiros em Harvard precisariam se transferir para outras instituições reconhecidas ou perderiam seus vistos de permanência nos EUA. Os novos alunos admitidos para o semestre de setembro sequer poderiam começar as aulas. O veto começaria a valer no ano letivo de 2025-2026.
A justificativa oficial do DHS foi a de que Harvard não entregou documentação sobre os estudantes. Em carta, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, acusou a universidade de manter “ambiente hostil para estudantes judeus” e de “promover simpatias ao Hamas”, além de criticar suas políticas de diversidade.
Especialistas, no entanto, consideram a ação do governo inédita e com motivação política. Sarah Spreitzer, do Conselho Americano de Educação, disse:
"Nunca vi revogação de autorização de visto por razões que não fossem administrativas. Isso é sem precedentes."
O embate entre Harvard e o governo Trump se intensificou desde abril, quando a universidade se recusou a acatar ordens federais para conter protestos pró-Palestina e acabar com programas de diversidade. Como retaliação, o governo suspendeu repasses de verbas para pesquisas da universidade e ameaçou sua isenção fiscal.
A juíza Burroughs marcou novas audiências para a semana seguinte, entre os dias 27 e 29, para definir os próximos passos. Até o momento, o governo dos EUA não anunciou se vai recorrer da decisão judicial.