A autópsia realizada no corpo da publicitária brasileira Juliana Marins confirmou que a jovem morreu em decorrência de ferimentos graves causados por múltiplas fraturas após cair em um barranco no Monte Rinjani, na Indonésia. A análise indicou que a morte ocorreu cerca de 20 minutos após os ferimentos, descartando hipóteses como hipotermia ou sangramento lento.
De acordo com o médico forense Ida Bagus Alit, foram identificadas fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa, que provocaram lesões internas severas e sangramento. “A principal causa de morte foram ferimentos na caixa torácica e nas costas”, disse o especialista na sexta-feira (28), acrescentando que não havia sinais de hérnia cerebral ou retração dos órgãos que indicassem morte lenta.
O corpo de Juliana chegou ao Hospital Bali Mandara na quinta-feira (27) para a realização da autópsia, após ter sido transferido do Hospital Bhayangkara, na província onde ocorreu o acidente. A viagem em freezer dificultou a estimativa precisa do horário da morte, mas os legistas indicam que ela não sobreviveu por muitas horas após a queda.
Juliana Marins, de 34 anos, caiu em um barranco de aproximadamente 200 metros por volta das 6h30 do sábado (21), em um trecho íngreme e perigoso da trilha do Monte Rinjani. Segundo imagens de drone e vídeos de outros trilheiros, ela ainda estava viva após a queda. No entanto, seu corpo só foi resgatado na quarta-feira (26), após dias de buscas prejudicadas pelo mau tempo e pela dificuldade do terreno.
A demora gerou revolta nas redes sociais e críticas à atuação das autoridades indonésias. Internautas brasileiros cobraram respostas sobre a lentidão do resgate, questionando por que o helicóptero não foi acionado imediatamente e denunciando negligência na operação. Uma conta no Instagram, supostamente administrada por familiares da vítima, afirma que “Juliana morreu não porque caiu, mas porque ficou lá por muito tempo”.
Yarman Wasur, chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani, negou as acusações. Segundo ele, a equipe de resgate foi formada rapidamente, mas as condições climáticas extremas e a topografia difícil impediram o avanço imediato. “A vítima caiu em um ponto de difícil acesso. Nossa equipe não a encontrou no local inicialmente estimado, o que dificultou o rastreamento”, explicou.
A Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas) e o parque nacional mobilizaram cerca de 50 pessoas na operação. Eles alegam que o tempo instável e o terreno acidentado atrasaram os trabalhos. Ainda assim, a percepção de descaso levou brasileiros a pressionarem a agência e até o presidente indonésio Prabowo Subianto nas redes sociais.
No Brasil, o caso teve grande repercussão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o Ministério das Relações Exteriores prestasse todo o apoio à família, incluindo o traslado do corpo. O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, também se comprometeu a custear o transporte da jovem até a cidade para o sepultamento.
A tragédia reacendeu o debate sobre a segurança das trilhas no Monte Rinjani. O local, conhecido por sua beleza natural, é também perigoso. Alpinistas experientes como Galih Donikara e Ang Asep Sherpa alertam que é urgente reforçar a segurança com cercas, cordas e presença de guias treinados nos pontos mais críticos.
Mustaal, organizador de escaladas na região, admitiu que o trecho onde Juliana caiu é particularmente arriscado, com barrancos inclinados e neblina densa, principalmente no fim da tarde. Ele e outros especialistas sugerem que os protocolos de segurança e resgate sejam aprimorados, com treinamentos e simulações para equipes locais.
As autoridades do Parque Nacional afirmam ter adotado novas medidas de segurança recentemente, como câmeras de vigilância, instalação de cordas em áreas vulneráveis e criação de postos de emergência. Mesmo assim, afirmam que o incidente será analisado para identificação de falhas e melhorias.
Juliana, descrita como uma jovem aventureira e apaixonada por trilhas, é agora símbolo de uma discussão mais ampla sobre a responsabilidade das autoridades na proteção de turistas e sobre os riscos reais por trás das paisagens paradisíacas compartilhadas nas redes sociais.
O caso deve seguir em investigação pelas autoridades locais e pode resultar em ações judiciais movidas pela família da brasileira.