Um laudo da Polícia Científica indica que a queda brusca de temperatura pode ter sido um dos fatores que levaram à explosão na fábrica da Enaex Brasil, no Paraná, que deixou nove mortos. O acidente ocorreu dentro do reator responsável por misturar os componentes do pentolite, explosivo formado por TNT e nitropenta, que exige controle rigoroso de aquecimento.

Na manhã da tragédia, os sensores registraram apenas 3 °C, metade da temperatura da noite anterior. Segundo o perito Jerry Cristian Gandin, a baixa temperatura teria solidificado parte do material, dificultando o aquecimento e provocando atrito entre as pás do misturador e o explosivo endurecido. Esse processo pode ter gerado fagulhas que resultaram na explosão.

O sistema de segurança da empresa emite alertas quando a temperatura ultrapassa 105 °C, mas não possui travas automáticas para situações em que o calor cai abaixo de 50 °C — condição que contribuiu para o acidente. Em nota, a Enaex afirmou que adota todos os protocolos necessários para lidar com variações climáticas. Já o Exército, que fiscaliza a produção de explosivos no país, anunciou que vai analisar o caso e reforçou a exigência de planos de segurança contra acidentes e roubos.

A delegada responsável pelo inquérito, Gessica Andrade, destacou que múltiplos fatores, incluindo falhas humanas e de equipamentos, atuaram em conjunto para provocar a explosão. O Ministério Público acompanha as investigações e orienta cautela antes de conclusões definitivas. A Defensoria Pública, que representa duas famílias de vítimas, busca um acordo extrajudicial para acelerar a reparação dos danos.

Os peritos recomendaram mudanças no sistema de aquecimento e no funcionamento do misturador como medidas para evitar novos acidentes semelhantes.