Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Foto de arquivo
Friday, 10 de October de 2025 - 14:45:46
Líder opositora destaca luta pela democracia e é elogiada pelo Comitê Norueguês por sua coragem civil
MARÍA CORINA MACHADO DEDICA NOBEL DA PAZ AO POVO VENEZUELANO E AGRADECE TRUMP PELO APOIO

Em sua primeira declaração após ser anunciada como vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, a opositora venezuelana María Corina Machado dedicou o reconhecimento “ao sofrimento do povo da Venezuela e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa”. A mensagem foi publicada nas redes sociais pouco depois da divulgação do prêmio.

O governo de Donald Trump, por sua vez, reagiu ao anúncio sem parabenizar diretamente a laureada e aproveitou a ocasião para criticar o Comitê do Nobel. Nos bastidores, havia expectativa de que o próprio presidente norte-americano fosse contemplado com o prêmio, algo que ele chegou a afirmar merecer por seu suposto papel na resolução de conflitos internacionais.

Em uma carta aberta aos venezuelanos, contudo, Corina não citou Trump e afirmou aceitar o Nobel “em nome do povo da Venezuela, que tem lutado pela sua liberdade com coragem, dignidade, inteligência e amor admiráveis”. Ela acrescentou que o reconhecimento representa “um chamado firme para que a transição democrática se concretize de forma imediata”.

A opositora destacou que o prêmio “é um impulso para concluir a tarefa de conquistar a liberdade” e reafirmou a importância do apoio de “Trump, do povo dos Estados Unidos, dos latino-americanos e das nações democráticas” como aliados na restauração da democracia venezuelana.

Corina vem liderando o movimento contra o regime de Nicolás Maduro desde as eleições de 2024, consideradas fraudulentas pela oposição. Ela afirma que o candidato opositor Edmundo González venceu a disputa e diz possuir atas eleitorais que comprovam a vitória.

O Comitê Norueguês do Nobel justificou a escolha de María Corina Machado “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”, ressaltando sua “coragem civil extraordinária” e sua capacidade de unificar setores rivais em torno da causa democrática.

Fundadora do movimento Súmate, criado há mais de duas décadas para promover eleições livres, Corina tornou-se símbolo da resistência ao chavismo, enfrentando perseguições, bloqueio de candidatura e ameaças à vida, mas optando por permanecer no país.

O comitê lembrou ainda que a Venezuela enfrenta uma das piores crises humanitárias do continente, marcada por pobreza extrema, repressão política e êxodo de mais de 8 milhões de pessoas. Segundo o órgão, os esforços da oposição “foram inovadores, pacíficos e democráticos” e cumprem os três critérios do testamento de Alfred Nobel: fraternidade entre nações, redução da militarização e promoção da paz.

O Prêmio Nobel da Paz é o único entregue na Noruega, conforme a vontade de seu criador. A cerimônia ocorre anualmente em 10 de dezembro, na prefeitura de Oslo, com a presença do rei norueguês e dos cinco membros do Comitê, indicados pelo Parlamento local. O valor do prêmio é de 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a cerca de R$ 6,2 milhões.

Texto/Fonte: G1