Ludmilla aposta em uma nova sonoridade em Fragmentos, disco lançado nesta quinta-feira (6), que marca uma guinada para o R&B contemporâneo com forte inspiração em artistas como SZA. O álbum, com 15 faixas, revela uma Ludmilla mais versátil vocalmente, explorando diferentes tons e texturas, e exibindo domínio técnico em melismas — técnica em que uma mesma sílaba é cantada em várias notas.
A influência da cantora norte-americana SZA, que redefiniu o R&B moderno com o álbum SOS (2022), é perceptível na construção vocal e na estética de Fragmentos. O disco também faz referência ao som dos anos 2000, misturando elementos de artistas internacionais como Ne-Yo, Akon e Mariah Carey com o romantismo em português de grupos como Sampa Crew e Adryana e a Rapaziada.
Apesar de começar de forma morna, o álbum ganha força a partir de Coisa de Pele, que combina R&B com pagode. O ponto alto chega na segunda metade, quando Ludmilla incorpora camadas mais experimentais, flertando com o trap e o funk brasileiro. Destaque para Cam Girl (com Victoria Monét), Calling Me (com Luísa Sonza), Energy (com Ajuliacosta e Duquesa) e Bota (com Latto) — esta última ainda inédita, descrita como um funk sombrio e ousado, com batida industrial e vocais distorcidos.
Canções como Meu Defeito e Whisky com Água de Choro reforçam o tom romântico e nostálgico do projeto, embora algumas faixas soem repetitivas. Ainda assim, Fragmentos se destaca por seu conceito coeso e execução refinada, consolidando Ludmilla no topo do pop brasileiro e mostrando uma artista mais consciente de sua identidade musical.