No segundo dia da Cúpula dos Líderes que antecede a COP30, em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que os chefes de Estado assumam compromissos concretos diante da crise climática.
“Nesta COP, os negociadores devem buscar entendimento, e nós, os líderes, devemos decidir se o século 21 será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente”, afirmou Lula durante o discurso de abertura.
O presidente aproveitou a ocasião para criticar o aumento dos gastos militares no mundo, citando o conflito entre Rússia e Ucrânia como exemplo de retrocesso ambiental. Segundo ele, o investimento em guerras desvia recursos que deveriam ser aplicados no combate à mudança do clima.
“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços na redução de emissões e reabriu minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático”, declarou.
Lula também defendeu um plano global para eliminar gradualmente a dependência de combustíveis fósseis, destacando que o modelo de desenvolvimento baseado em petróleo, carvão e gás “não é mais sustentável para o planeta”.
“A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos”, disse.
O presidente propôs a criação de um “mapa do caminho” internacional — um roteiro de metas e prazos para reduzir a extração e o consumo de combustíveis fósseis. Ele também anunciou que o Brasil criará um fundo nacional financiado com recursos da exploração de petróleo, voltado à transição energética e à promoção da justiça climática.
“Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para países em desenvolvimento”, afirmou.
Ao abordar a transição energética, Lula ressaltou a importância dos minerais críticos, como lítio, níquel e cobalto, essenciais para a fabricação de baterias, painéis solares e sistemas de energia limpa. Ele defendeu a participação dos países do Sul Global em toda a cadeia produtiva desses insumos.
“É impossível discutir a transição energética sem falar dos minerais críticos. Os países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas dessa cadeia global de valor”, destacou.
O presidente ainda criticou incentivos financeiros que contrariam metas ambientais, pedindo acesso ampliado a tecnologias e recursos climáticos para nações em desenvolvimento.
“Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis exige que os países do Sul Global tenham acesso a financiamento e tecnologia”, afirmou.
Lula encerrou o discurso com um alerta:
“As decisões que tomarmos com relação ao setor energético definirão nosso sucesso ou nosso fracasso na batalha contra a mudança do clima.”