Durante discurso no “Conselhão”, realizado nesta terça-feira (5) no Palácio Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pretende convidar Donald Trump para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), a ser realizada ainda este ano. “Quero saber o que ele pensa da questão climática”, declarou Lula, destacando que fará o convite pessoalmente, apesar das tensões recentes entre os dois países.
Segundo o presidente, o gesto será de cordialidade e diplomacia, mesmo diante do recente tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. “Se ele não vier, será porque não quer, não por falta de delicadeza, charme e democracia da minha parte”, disse Lula, que também pretende convidar Xi Jinping (China) e Narendra Modi (Índia), mas excluiu Vladimir Putin (Rússia) da lista, “porque não pode viajar”.
No mesmo evento, o presidente voltou a criticar com veemência as tarifas norte-americanas, afirmando que Trump “não tinha o direito” de adotar tal medida. Para Lula, a atitude teve motivação política. Ele ressaltou que o Brasil sempre esteve aberto à negociação e que os brasileiros não devem ser penalizados por decisões externas.
Como resposta às sanções, Lula anunciou a elaboração de um plano de contingência com o objetivo de atenuar os impactos econômicos e sociais das medidas. Segundo ele, o governo buscará proteger empresas e trabalhadores afetados, utilizando todos os meios disponíveis, inclusive acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC). “Nosso compromisso é com o povo brasileiro”, afirmou o presidente.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, conhecido como “Conselhão”, é um colegiado composto por ministros, empresários e representantes da sociedade civil, voltado à formulação de propostas para políticas públicas. O encontro desta terça foi marcado por uma série de manifestações em defesa da soberania nacional diante das pressões externas.
Além de Lula, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) também discursaram, reforçando a posição do governo contra as investidas americanas. As falas defenderam uma resposta firme do Estado brasileiro e a valorização do diálogo multilateral.
A proposta de Lula de contatar diretamente líderes globais reforça a tentativa do Brasil de retomar o protagonismo nas discussões climáticas internacionais, mesmo em meio a tensões diplomáticas.