O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira (24) que considera “certa” a reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia. Segundo ele, o encontro vem sendo aguardado há algum tempo e será uma oportunidade para reaproximar os dois países em meio a divergências recentes.
Lula declarou que não haverá temas proibidos na conversa e pretende abordar principalmente o comércio bilateral e as sanções aplicadas pelos EUA a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números”, afirmou.
Ao ser questionado pelo correspondente da TV Globo Felippe Coaglio, o presidente disse que “sempre deixou claro que, quando Trump quisesse conversar, o Brasil estaria à disposição”. Ele acrescentou que, após uma ligação telefônica recente, ambos perceberam que “não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas sentam na mesa para conversar”.
Lula também comentou que prefere o diálogo presencial a reuniões virtuais. “Relação humana é química. Olho no olho, pegar na mão, abraçar a pessoa”, afirmou, destacando que a expectativa é de uma conversa franca, em que “os dois poderão dizer o que quiserem e ouvir o que não quiserem”. Para o presidente, o encontro “será bom para o Brasil e para os Estados Unidos” e deve marcar “a volta à normalidade nas relações bilaterais”.
Durante a entrevista na Indonésia, Lula criticou ainda os recentes ataques dos Estados Unidos a embarcações na costa da Venezuela e disse estar disposto a discutir o tema com Trump. Segundo ele, “se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil”, defendendo que não se pode justificar invasões com o argumento de combate ao narcotráfico. “Acho que falta um pouco de compreensão da questão da política internacional”, afirmou, em referência à declaração de Trump de que pretende “matar as pessoas que estão levando drogas para o país”.
Na Ásia, o presidente brasileiro também aproveitou para destacar a posição do Brasil em temas ambientais e energéticos. Ele lembrou que o país é “um dos que mais possuem energia renovável no planeta, com gasolina e diesel mais puros que os outros”.
Sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, Lula defendeu a Petrobras, afirmando que a estatal “nunca teve histórico de vazamento de óleo” e tem expertise para operar sem causar danos ambientais. “Muito fácil falar do fim do combustível fóssil, mas é difícil dizer quem consegue se libertar dele hoje. Ninguém tem essa condição”, observou.
O presidente reforçou ainda que os recursos do petróleo devem ser utilizados para consolidar a transição energética global. “A Petrobras está deixando de ser uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia”, concluiu.