Formada há cerca de 245 milhões de anos pelo impacto de um asteroide de 4 km de diâmetro, a maior cratera de meteoro da América do Sul — conhecida como Domo de Araguainha — enfrenta abandono e falta de preservação. A estrutura, com 40 km de diâmetro e 1.300 km² de área (maior que a cidade do Rio de Janeiro), ocupa territórios de seis municípios entre Mato Grosso e Goiás, mas segue sem infraestrutura adequada ou proteção oficial.

Pesquisadores relatam vegetação descontrolada, falta de sinalização, carcaças de animais e destruição de afloramentos geológicos causadas por obras como a rodovia MT-100, que cruza o centro da cratera. "Nunca houve de fato qualquer ação concreta do poder público", afirma Álvaro Crósta, professor da Unicamp e pioneiro nos estudos sobre o local.

Em 2024, o Ministério Público Federal solicitou a órgãos federais estudos para transformar a área em parque geológico. O levantamento técnico, sob responsabilidade do Serviço Geológico do Brasil (SGB), deve ser finalizado até julho. A criação de um geoparque poderia preservar os 15 geossítios da região e impulsionar o turismo com trilhas, cavernas, fósseis e cachoeiras, mas nenhuma medida foi efetivamente executada até agora.

Entre os pontos de destaque do Domo de Araguainha estão formações únicas como brechas de impacto, cones de fratura, inversões de camadas rochosas e fósseis com mais de 250 milhões de anos. Mesmo assim, o local segue desconhecido por grande parte da população, sem estrutura para receber visitantes ou proteger seu inestimável valor geocientífico.