Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
Monday, 18 de August de 2025 - 10:49:46
Ministro do STF afirma ao Washington Post que manterá investigações sobre Bolsonaro e aliados mesmo sob restrições impostas pelos EUA
MORAES RESPONDE A SANÇÕES DE TRUMP E DIZ QUE NÃO IRÁ RECUAR

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, declarou em entrevista ao Washington Post que “não existe a menor possibilidade de recuar nem um milímetro sequer” diante das sanções aplicadas contra ele pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O governo americano acusou Moraes de promover uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, mas o magistrado ressaltou que os processos seguem “os trâmites tradicionais da Justiça brasileira”.

As medidas foram aplicadas com base na Lei Magnitsky — normalmente usada contra ditadores e terroristas — e incluem o bloqueio de eventuais bens de Moraes nos EUA, restrição de transações financeiras com cidadãos e empresas americanas, além da suspensão do uso de cartões de crédito emitidos por bandeiras norte-americanas.

Na entrevista, Moraes disse que “quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”. Ele também classificou como “narrativas falsas” as críticas de apoiadores de Bolsonaro, que, segundo ele, têm prejudicado a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos.

O ministro ainda destacou a diferença entre os contextos democráticos brasileiro e americano: “Entendo que, para uma cultura americana, seja mais difícil compreender a fragilidade da democracia porque nunca houve um golpe lá. Mas o Brasil teve anos de ditadura e inúmeras tentativas de ruptura institucional. Isso gera anticorpos mais fortes”.

O julgamento do núcleo central da suposta trama golpista de Bolsonaro está marcado para ocorrer no STF entre 2 e 12 de setembro. O Washington Post descreveu Moraes como “xerife da democracia” e ressaltou o impacto internacional de suas decisões, incluindo sanções contra plataformas digitais como o X, de Elon Musk.

Questionado sobre as restrições que agora enfrenta nos EUA, Moraes admitiu o desconforto: “É agradável passar por isso? Claro que não. Mas enquanto houver necessidade, a investigação continuará. É preciso defender a democracia”.

Texto/Fonte: G1