Nas primeiras horas do domingo (15), um míssil iraniano atingiu um prédio residencial de dez andares em Bat Yam, cidade ao sul de Tel Aviv, matando pelo menos oito pessoas e ferindo dezenas. O impacto do ataque, considerado muito mais potente que os foguetes usados por grupos como Hamas e Hezbollah, causou destruição em praticamente toda a vizinhança.
Veronica Osipchik, moradora a poucos metros do local, relata que ficou em choque com a força do impacto, que destruiu completamente as janelas de seu apartamento. Sentada com uma mala ao lado, ela afirmou: "Isso precisava ser feito, mas não esperávamos que isso nos afetasse desta forma".
Equipes de resgate agiram rapidamente para salvar as vítimas soterradas. Ori Lazarovich, paramédico, descreveu a cena: “As pessoas saíram cinzas, cobertas de fuligem e detritos. Vi medo nos olhos delas”.
Entre os moradores, o sentimento predominante é de apoio à ofensiva israelense contra o Irã. Avi, de 68 anos, defende a continuidade dos ataques para evitar uma ameaça nuclear: "Se não atacarmos, eles vão jogar uma bomba atômica sobre nós". O jovem Emil Mahmudov, de 18 anos, compartilha da opinião: "Deveríamos ter feito isso antes".
O governo israelense justifica os ataques como uma forma de interromper o programa nuclear iraniano, que Teerã nega ter fins militares. Apesar das críticas internas à condução da guerra em Gaza, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu recebeu apoio de líderes da oposição, como Benny Gantz e Yair Lapid, no caso do confronto com o Irã.
Especialistas, no entanto, alertam para a escalada do conflito. Yossi Mekelberg, do think tank britânico Chatham House, afirmou que o confronto com o Irã representa uma nova fase: “Isso está evoluindo para uma guerra total. E há fadiga em Israel após 20 meses de guerra”.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o próprio Netanyahu visitaram Bat Yam no domingo. Ben Gvir, alvo de sanções do Reino Unido por incitar violência contra palestinos, foi recebido por lojistas preocupados com saques. Já Netanyahu, em pronunciamento noturno, afirmou: "Eu disse a vocês, haverá dias difíceis".
Ainda que a população majoritariamente apoie a ofensiva, cresce a preocupação com o prolongamento do conflito e o aumento das baixas civis. Como pontua Mekelberg, "o apoio pode diminuir se isso se tornar outra guerra interminável".